Siga a sugestão da Margarida e estas férias dedique-se a descobrir vestígios romanos. Em Faro, a nossa blogger convidada sugere as Ruínas de Milreu, em Estoi, não deixando de aconselhar uma visita ao Museu Municipal de Faro.
“Em Roma sê romano”, “Roma e Pavia não se fizeram num dia”, “Todos os caminhos vão dar a Roma” ou “Quem tem boca vai a Roma” são exemplos de como os vestígios romanos estão presentes no nosso dia-a-dia sem que tenhamos de tropeçar em muros ou descer ao sub-solo para visitar ruínas de tempos longínquos. Isto para não fazer referência à nossa língua, cuja origem no Latim é inegável – felizmente para quem a usa tornou-se bastante mais simples sem que tenhamos de a declinar consoante as funções das palavras no discurso: dativo, acusativo, genitivo, ... já basta os complementos diretos e indiretos, modificadores e complementos oblíquos, os quais - pelo caminho que levamos - qualquer dia ao acordar a designação já não é a mesma.
Aqui pelo meu Sul – podia usar a palavra Algarve, mas nesta altura do ano falar em Algarve soa-me mais a invasões bárbaras do que a vestígios dos nossos antepassados – é rara a terriola onde, pelo menos até há uns anos, não se começasse uma escavação que não tivesse de haver a intervenção de arqueólogos, pois havia sempre um muro, um mosaico ou simplesmente uns cacos (perdoem-me os mais sensíveis a esta matéria...) postos a descoberto. Parava tudo! E quando digo tudo, é tudo mesmo. À conta destes sinais de stop houve obras que nunca avançaram – nem para trás, nem para a frente, mas também foram descobertas verdadeiras obras de arte como o mosaico do Deus Oceanus encontrado, quase intacto, e que atualmente ocupa uma das salas do Museu Municipal de Faro.
A poucos quilómetros de Faro existe, também, uma área designada por Ruinas de Milreu que testemunha a vida destes nossos antepassados. Milreu foi posto a descoberto na segunda metade do século XIX e é, sem dúvida, um local a visitar. Esta Villa datada do séc I e habitada até ao séc X sofreu grandes transformações ao longo do tempo, sendo ainda visível a riqueza que a cobria, deixando à imaginação de cada um o esplendor do que teria sido a vida neste espaço e tempo longínquo. Pessoalmente, mais do que os muros e galerias que indicam zonas termais, um lagar e outras construções, são os mosaicos que revestem pavimentos e paredes que atraem a minha atenção: a delicadeza, a minúcia, as cores, os padrões – muitos alusivos ao mar – e também os materiais nobres de que são feitos. É impossível ficar-se indiferente.
Se montar um qualquer puzzle de mil peças já é uma dor de cabeça, imagine-se a construção de uma Villa como Milreu ou tantas outras espalhadas por esse Portugal fora... Como diria Obelix: “ Esses romanos são loucos!”
Créditos das imagens:
1 e 2 – Margarida Vargues
3 e 4 – Visitar Portugal
A autora e o blogue
Inseparável da máquina fotográfica e do bloco de apontamentos, quando não anda em trânsito Margarida Vargues vive em Faro. Professora de Inglês de formação, tem uma mente irrequieta que a faz querer saber um pouco de muitas coisas, criou o blogue Pano p’ra Mangas em 2005 para mostrar os seus trabalhos manuais e outras ocupações das horas livres. Em 2012 foi para Londres onde ficou um ano e meio. Regressou ao Algarve onde vive mas alimenta o desejo de viver no Porto. O seu tempo é passado entre livros, aulas de ballet, marketing digital e o seu mais recente projeto como wedding planner.
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Margarida Vargues | Pano Pra Mangas 2016-07-20