O tempo das castanhas

O passeio de Paula C. à região de Trás-os-Montes dá o mote para um S. Martinho mais perto da terra, recheado de castanhas, belas paisagens e uma gastronomia que apela a todos os sentidos. Inspire-se nas belas fotos de cores outonais e rume até às "árvores altas, imensas, centenárias".

Talvez seja a altura do ano que mais gosto, o outono: parece que a natureza e as cores se envolvem em sentimentos, deslumbrando-nos com esse misto de beleza e friozinho leve que nos desperta para a renovação, para começar algo de novo, para nos reinventarmos, para seguir os sonhos....

e com o outono vêm as castanhas – esse fruto alimento que satisfaz a alma – saudáveis, quentinhas e boas – quem lhes resiste? Assadas, cozidas, em puré, em pudim, com mais sal ou menos sal, com um copinho de vinho....qualquer maneira é boa para degustar esse fruto alimento, que, como dizia Miguel Torga “...cai dumas árvores altas, imensas, centenárias, que, puras como vestais, parecem encarnar a virgindade da própria paisagem.”

Inspirada pela vontade de descobrir paisagens novas, e que pudessem cheirar a castanhas, - porque não? – resolvi num destes domingos passados e em que o sol reinava brilhante, pegar no carro, deixar o Porto por umas horas e rumar a Trás-os Montes, em busca dessa natureza surpreendente.
E não é que Portugal surpreende sempre?

Trás-os-Montes é região por excelência das castanhas - região onde muita gente vive ainda da sua apanha e posterior comercialização para o resto do país.
É a região da Terra Fria, rota que engloba terras lindas como Bragança, Miranda do Douro, Mogadouro, Vimioso e Vinhais – e do Parque Natural de Montesinho, rota que eu sugiro a quem gostar de escapadinhas de fim-de-semana.

Já fui em data tardia para acompanhar a apanha da castanha, mas fui em dia lindo para contemplar a terra, sentir os tons quentes, caminhar pela natureza, ver as folhas e os ouriços pelo chão, e depois parar para um lento e reconfortante almoço no Restaurante típico D. Roberto, em Gimonde – onde, depois de uma bela sopa de cascas (revigorante sopa que eu nunca tinha comido, com feijão, cascas de feijão verde e feijão verde), de umas entradinhas com pão de Gimonde e queijo da zona, um copinho de tinto, e de provar o arroz de feijão e couve que acompanhava a trilogia de carnes que a minha mãe escolheu (pois, .....é que eu não como carne, por isso também não provei a alheira nem os enchidos que serviram com as entradas,....mas consta que são uma perdição....:) deliciei-me no final com um pudim de castanha e geleia – mesmo bom, hummm....:)

O dia foi curto, claro. Voou entre conversas e descoberta das tradições e gastronomia locais, compra de azeite e castanhas para trazer de volta, muitas fotografias à mistura e muita vontade de ter tempo para descobrir muito mais.

Já estou agora de volta na minha cidade, o Porto, na rotina dos dias mas cheiinha de vontade de voltar a terras transmontanas.

Enquanto isso não acontece e enquanto as castanhas teimam em reinar e me seduzir, não me canso de as ir comprando e comendo, na rua, em casa, sozinha ou acompanhada, e sempre com um sorriso de satisfação. Impossível não gostar....

Boas castanhas!

Se resolver ir a Trás-os-Montes, as minhas dicas:

Rota da Terra Fria 
Parque Natural de Montesinho 
Restaurante Típico D. Roberto, Gimonde
Quinta das Covas –  
A. Montesinho – Turismo 

 

A autora e o blogue
Paula C. é do Porto e apaixonada pela sua cidade. Acredita que os melhores momentos da vida muitas vezes são esses que aparecem ao virar da esquina, por isso não larga a sua Canon e gosta de partilhar no blog o que de bom acontece na sua cidade. O mar e as viagens são outras das suas grandes paixões
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