Perto do Crato, entre memórias de tempos longínquos, surge uma construção sólida e compacta com pedras montadas sobre pedras que formam ameias, torres e fachadas quase cegas.
A pousada da Flor da Rosa é uma ecléctica obra de arquitectura, por conjugar as influências arquitecturais de um castelo, de um convento e de um paço que ali existiram em épocas diferentes. Os quartos encerram características particulares, já que na zona antiga do convento nenhum é igual em tamanho ou ambiente.
Porém, quer tenham varanda ou solários de onde se pode apreciar a verdadeira paisagem alentejana, ou enormes camas de dossel que ocupam o centro de quatro paredes de uma largura impossível, todos os quartos se tornam espaços simplesmente obrigatórios.
Ao chegar-se à aldeia da Flor da Rosa, no concelho do Crato, avistam-se ao longe pombos e cegonhas que voam em círculos à volta dos torreões da pousada. Aproximamo-nos e entramos no jardim. Olhando através da alameda de cedros, aprecia-se a fachada sul daquele que em tempos idos foi o Convento de Santa Maria da Flor da Rosa.
O enquadramento paisagístico foi bem conseguido. Nada nos faz supor que atrás daquele convento acastelado há um edifício moderno, feito de raiz para aumentar a oferta dos quartos. Só mais tarde é que se dá conta da sua existência e se percebe que a pousada se divide em dois corpos unidos, o convento e a ala nova.
Explorar lá dentro
Originalidade é o que não falta por aqui. A começar logo pela entrada, o portão do antigo convento. À esquerda, um foyer de pedra onde se encontra a exposição do IPPAR relativa ao espólio patrimonial que ali existe. À direita, uma misteriosa porta encerrada, que se descobre mais tarde ser da igreja.
Passa-se para outra porta e entra-se no claustro, onde no meio, está um jardim. Depois então, entra-se na pousada. Lentamente, lá se vai andando por salas e corredores e repara-se em tudo. A decoração é simples mas ecléctica, com um design peculiar, a lembrar o estilo do francês Philippe Starck.
Começando na ala nova, sai-se do quarto para o extenso corredor iluminado por um poço de luz rasgado no tecto. Tudo é silencioso, nem o zumbido do ar condicionado se ouve. A aparência é sóbria, institucional, como se fosse um museu de arte moderna.
Aqui e acolá, pequenos detalhes como elegantes sofás em palha ou estilizados cones de “palhiça” que fazem de candeeiros. Nada parece ser acessório. Tudo tem peso, conta e medida.
Os quartos
Começando pela ala nova, são extremamente amplos e luminosos. A janela, ou melhor, a enorme parede de vidro com cerca de três metros de altura, proporciona uma luz natural incomum, que viaja pelas paredes brancas e despidas, para encontrar apenas um pequeno quadro, também ele discreto.
O chão é de tijoleira e contrasta bem com o sofá vermelho vivo a um canto. Mas, o que mais nos chama a atenção é a curvilínea cama de vime junto à janela, onde só apetece deitar o corpo, enquanto nos distraímos a ler qualquer coisa.