Viajar aos 20 vs Viajar depois dos 30

Você é um jovem aventureiro, sempre à procura da próxima experiência radical ? Ou é um burguês acomodado, indeciso entre a espreguiçadeira e o colchão de água, entre o sushi e o ceviche? A Bumba já lhe tirou a pinta.

Uma grande diferença entre viajar aos 20 e viajar aos 30 é que os critérios de exigência mudam radicalmente. O mochilão vira malão de rodas, a tenda vira resort, o atum enlatado vira sushi. Em resumo, as grandes diferenças são estas:

Alojamento

Aos 20:

É onde for mais barato, claro está. De hostel para baixo, camarata partilhada, machos e fêmeas tudo ao molho, alguma elasticidade no que toca ao asseio geral da coisa. Os percevejos conseguem ser fofinhos! Wi-Fi só se apanha a fazer o pino nas escadas da recepção, ralo do duche é o Inferno na terra, mas não faz mal porque “são só uns dias!". Frigorífico é comunitário, arraial de germes tem lugar cativo ao jantar, mas é tããão fixe porque a malta cozinha toda junta! Prioridade é ser bem localizado, de preferência no epicentro da vida nocturna, e com muita estrangeirada para treinar línguas (em todos os sentidos). Livin´ the dream!

Depois dos 30:

Por amor de Deus, dêem-me um hotel de 3 estrelas para cima. O que são férias sem uma boa almofada, um colchão que não mata a cervical, um mini-bar que não vamos usar mas podíamos, Wi-Fi de qualidade e uma TV para fazer aquele zapping maroto antes de ir dormir? Os mínimos olímpicos traçam-se na casa de banho privativa, e antes de deitar o lombinho na cama impõe-se uma verificação a pente fino para não encontrar ADN alheio. O melhor divertimento nocturno? O silêncio.

Comida

Aos 20:

MacDonalds, Burger King, pizza a pingar gordura, kebabs, noodles de 1 euro levemente aromatizados com frango artificial, buffet de gato e cão, é o que for desde que seja barato, rápido e para safar. Almoço são sandocas de salsicha, porque a comida é só um pequeno interlúdio funcional que medeia o programa excitante nº 1 e o programa excitante nº 2. Se a estadia for longa, nada como ir ao supermercado e fazer massa com cenas durante 7 dias. Caso contrário, não faz mal nenhum comer em roulotes de rua porque nesta fase o intestino tem uma camada de sarro à prova de intoxicação alimentar. Venha essa comida “nativa”!

Depois dos 30:

As refeições são planeadas à minúcia e representam os verdadeiros momentos excitantes da viagem, sendo que tudo o resto - ler, fazer praia, dormir - é um mero passatempo até ser possível comer outra vez.

Atividades:

Aos 20:

Escalada, surf, rafting, bungee jumping, álcooling, estupefacienting. Caminhadas impossíveis a praias inacessíveis. Visitas de estudo aos bairros delinquentes para tirar chapas de telemóvel caro para o Insta. Se não for fisicamente exigente não mete pica. Se não for minimamente perigoso, cheira a leitinho.

Depois dos 30:

Valha-nos os resorts com pulseirinha, refeições all-you-can-eat e funcionários que nos poupam a sair da espreguiçadeira de praia. Tudo o que implique levantar o befe da toalha é desafiante. A única caminhada concebível é sofá-praia, praia-sofá. Férias são férias!

Orçamento

Antes dos 20:

Menos dinheiro do que dias de viagem. Magro orçamento diário, 20% para comida, 80% para álcool. Ritual comum é suster a respiração e passar o cartão multibanco a suar do bigode, e só recomeçar a respirar quando aparece “Aprovado” no ecrã de pagamento. Comprar uma pastilha elástica para poder usar o Wi-Fi grátis do café e manter assim o contacto com o mundo. Aos pais, dá-se toques para ligarem de volta. Escolha delicada entre gastar dinheiro em mais álcool ou investir numa refeição inédita de vegetais, naquela de não apanhar escorbuto no final das férias.

Depois dos 30:

“Que se lixe, são só 22 dias de férias por ano, manda vir o caviar! Carpe dieeeeeeem!" Envelhecer é um bocado isto, não é? "

 

 

A autora e o blogue
Uma singela página de reciclagem de trivialidades com visitas regulares à Parvónia, de uma jovem moça em idade casadoira, com uma bela anca (uma “anca parideira”, diria a sua avó, perante as mais variadas audiências - “boa para uma ninhada” - enquanto lhe dá vigorosas palmadas na coxa).
No Bumba na Fofinha encontrará o verdadeiro humor de fusão, como aqueles buffets chineses especializados em tudo – baratucho, potencialmente indigesto, mas por 7,50€ enche-se o bandulho com sushi, burritos, e maminha no churrasco.
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