A combinação de sol abrasador e vento gelado não impediu Margarida, do blogue Pano Pra Mangas, de apreciar o passeio na paisagem da ria de Alvor. Embora não esteja classificada como área protegida, é um pequeno paraíso natural, sobretudo para as aves.
A riqueza natural do nosso país é indiscutível, de Norte a Sul e de Este a Oeste e não fossem os incêndios que todos os anos devoram quilómetros e quilómetros de verde, teríamos uma mancha de natureza ainda maior.
Por estar a Sul, tornei-me muito mais atenta ao que se passa por cá – e não, não quero aqui discutir as demolições nas ilhas barreiras entre o Oceano e a Ria Formosa em prol da preservação do cordão dunar. Ao invés, viajo para Oeste, onde os olhos encontram o Atlântico (para os mais desorientados, como eu aqui fica uma dica: Oeste de Oceano e Este de Espanha!), passo a ponte sobre o rio Arade, deixo Portimão para trás e dirijo-me para a costa onde me espera a zona de sapal da ria de Alvor.
O passeio promete. São cerca de 6km, quase todos feitos sobre uma passadeira elevada que, apesar de aparentemente não cumprir todas as normas, é bastante atractiva e convidativa a uma caminhada ou uma corrida matinal. Esta zona de sapal, perto de Alvor, não está classificada como reserva natural sendo, no entanto, uma área protegida. Aqui encontramos muitas espécies de aves migratórias - e que nos são indicadas pelo nosso guia, mas cujos nomes ...voaram! E a flora? É tão variada e colorida nesta época do ano! As plantas que aqui se desenvolvem são de uma resistência incrível, se não vejamos: têm as suas raízes em solo de água salobra, consoante as marés ou estão submersas ou não, e quando se encontram visíveis têm de suportar todas as condições climatérias de exterior. Valentes!!!
Está um sol abrasador e um vento gelado, o que causa algum desconforto mas não o suficiente para me fazer voltar atrás. A determinada altura paramos num ponto mais alto e daí já é possível ver a imensidão do mar que se estende à nossa frente, como se não tivesse fim. Está calmo, brilhante como só este mar sabe ser (se bem que o único que inconfundível é um outro...mais para Este).
Quando o percurso se aproxima do mar, temos de abandonar a passadeira para colocar os pés na areia. Aqui, a poucos metros da água há aves que nidificam, por isso todo o cuidado é pouco e onde a água já nos consegue molhar os pés é possível ver um sem número de ouriços do mar. O regresso ao ponto de partida é novamente feito pela passadeira, mas por um percurso diferente onde a cada passo é impossível ficar indiferente ao que se vê e ao que se sente – o cheiro do mar tem qualquer coisa de inspirador e tranquilizante que não se consegue explicar.
Faço-me à estrada e viro-me para Este onde me espera mais uma semana de trabalho.
Estes passeios são, normalmente organizados pela Câmara Municipal de Portimão. Para mais informações sobre os próximos passeios, sugiro que sigam a página da Câmara Municipal de Portimão, ou enviem uma mensagem para o e-mail daes@cm-portimao.pt.
Nota: este artigo não foi escrito ao abrigo do Novo Acordo Ortográfico.
A autora e o blogue
Inseparável da máquina fotográfica e do bloco de apontamentos, quando não anda em trânsito Margarida Vargues vive em Faro. Professora de Inglês de formação, e life coach de coração, criou o blogue Pano p’ra Mangas em 2005 para mostrar os seus trabalhos manuais e outras ocupações das horas livres. Em 2012 foi para Londres onde ficou um ano e meio. Regressou ao Algarve onde vive entre a mini-horta, a máquina de costura e os mil e um projetos a que vai emprestando as suas artes.
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À sombra na relva fresca (Alameda João de Deus)
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Por Margarida Vargues 2015-05-20