O lobo bom, o lobo mau e o lobo chato

Marta Ribeiro, do blogue Quimaterapia, revisita algumas das mais conhecidas histórias infantis, introduzindo uma nuance para atenuar os medos: e se em vez de mau, o lobo fosse apenas...chato?

Em quase todas as histórias infantis há um lobo mau. O personagem ruim, vil, que faz asneiras, que causa enganos, que faz estragos e atrapalha é sempre o lobo mau. Mas havia um pequenino que, apesar de gostar de ouvir a mãe contar histórias todas as noites, antes de adormecer, tinha um pedido especial quando o enredo chegava ao lobo mau.

"Mamã, por favor não digas lobo mau que me faz ter pesadelos durante a noite", pedia ele.

Então a mãe sugeriu que lhe chamassem lobo bom, mas o menino achou que isso seria um exagero. Afinal o bicho peludo não era nada simpático. Depois de pensarem bem no assunto acordaram em passar a tratar o lobo mau por lobo chato.

Um lobo tão chato, tão chato, tão chato que a Capuchinho, só para não ter que o ouvir, acabou por se enganar no caminho para casa da avó.

Um lobo tão chato, tão chato, tão chato que conseguiu levar os três porquinhos a juntarem-se à lareira em casa do porquinho mais velho a contar anedotas para se abstrairem daquele barulho que vinha lá de fora.

Um lobo tão chato, tão chato, tão chato que os sete cabritinhos resolveram enfiar-se na sua barriga porque era o único sítio onde não o conseguiam ouvir.

E assim foram contadas histórias noite após noite, até um dia o menino aprender a ler e a deixar de ter medo de lobos maus. Pode ser que este ano até vá ao Monstra!

http://monstrafestival.com/programa-2015 

A autora e o blogue
Entre Santarém e a serra da Lousã, Marta Ribeiro não tem muita rede. É por isso que, apesar de manter o blogue Quimaterapia desde 2007, não é uma blogger, digamos, muito assídua. O que lhe ocupa as horas é a horta por regar. É aquele pedaço de madeira ou o tecido velho que encontrou. É ver as minhocas com o filho Gaspar, ir com ele e com o marido Joaquim tomar o primeiro banho de mar ou de rio. Mãe, jornalista, artesã, fotógrafa curiosa, Marta vive a mais de 65 km de Lisboa e adora. (Ah, e Quimaterapia não tem nada a ver com doenças. São apenas as terapias do Quim e da Marta).

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