A funcionar desde 2006, nasceu de uma bem conseguida recuperação da antiga cadeia da comarca de Estremoz, um monumento do século XVI que se encontrava em ruínas. O edifício, de arquitectura da época medieval, foi transformado num moderno bar-restaurante, atractivo e de bom gosto, com uma oferta gastronómica baseada na cozinha tradicional alentejana, privilegiando os produtos regionais, as ervas aromáticas, os enchidos, os queijos e vinhos.
Acessos: Pela A6 sair à indicação de Estremoz, e depois do centro histórico onde se encontra o castelo. O restaurante situa-se por detrás da Igreja de Santa Maria. Pode estacionar o carro no interior das muralhas, pois existe cerca de 200 lugares disponíveis.No Alentejo, onde a gastronomia é um dos principais motivos de romaria, há muitos espaços que honram a cozinha tradicional. A Cadeia Quinhentista é um deles.
Do castigo ao prazer
Em Estremoz, o castelo com a sua torre de 27 metros, o Paço Real onde morreu a Rainha Santa, os Paços do Concelho, a Casa do Alcaide e a Igreja Matriz estão todos aconchegados por circunstâncias defensivas.
A antiga cadeia comarcã - monumento do século XVI - também se insere neste perímetro amuralhado e foi salva da ruína numa altura em que o tecto já era o céu.
O edifício, com traços medievais revelou-se um agradável e moderno restaurante onde as cores fortes (laranja e vermelho) convivem com particularidades arquitectónicas, como as abóbadas de tijoleira, as grossas paredes e as fortes grades de ferro no piso térreo que fazem parte da decoração. Porém, mais regional era difícil, e não é só por causa da gastronomia praticada.
Aqui homenageiam-se os artesãos que trabalharam com mestria a madeira do mobiliário e o metal das cadeiras, fazendo lembrar as grades de uma das janelas, à beira da qual nos sentámos. Desenhos cravados na pedra mármore dos parapeitos e grades cerradas minuciosamente foram duas pequenas curiosidades de que nos apercebemos.
A astúcia não chegou, no entanto, para imaginar que através do buraco no chão do primeiro andar, e que vai dar directamente ao restaurante, eram servidas as refeições aos presos mais perigosos para que não chegasse a haver contacto directo.
Histórias à parte, ao almoço, o estômago confirma as horas assinaladas pelo sino da igreja, que lhe fica pegada estando o restaurante nas suas traseiras. Digno de registo, no entanto, é a capela que bem se vê das janelas da sala de restauração em cujo varandim era celebrada missa para os presos.
A escolha é livre, o difícil é escolher...
A cozinha alentejana, de tão simples ser, fez-se rica combinado muitas vezes os mesmos ingredientes e originando pratos bem diferentes. O mérito vai directo, e com louvor, para as ervas aromáticas que têm um papel primordial nas inspirações gastronómicas.
Na Cadeia Quinhentista o azeite e pão combinam-se em açordas, migas e sopas como é exemplo o gaspacho e a sopa de tomate. É fácil prever que a cozinha aqui praticada é a regional, valorizando os produtos frescos e de qualidade e os ingredientes da tradição.