Esta reserva abrange a maior parte do Estuário do Sado e área envolvente. Dela fazem parte as importantes zonas dos sapais, as dunas de Tróia, cuja vegetação tem um papel fundamental na fixação das areias, e as lagoas da Herdade do Pinheiro, ecossistemas favoráveis à existência de uma fauna e flora muito rica e diversificada. De características húmidas, é uma área privilegiada para a nidificação e para a passagem do Inverno de muitas espécies. Se quiser passear aconselha-se uma visita à Carrasqueira, aldeia ribeirinha junto à Praia da Comporta, que conserva uma obra-prima da arquitectura popular: um cais palafítico, que se estende e ramifica durante centenas de metros pelos esteiros lamacentos rio Sado. Também é possível visitar o moinho de maré da Herdade da Mourisca, que tem um Centro de Educação de Sal e o Galeão de Sal de 1944, restaurado.
Área: 23.160 haUm enorme espelho de água, sapais, dunas, bancos de vasa, salinas e arrozais, extensos montados de sobro e pinheiro-manso, dezenas de milhares de aves aquáticas, roazes-corvineiros, uma imensa maternidade para peixes e moluscos, portos palafíticos, cabanas de colmo, montes e povoados imaculados. Pela sua dimensão, fisionomia, biodiversidade e continuidade com outros espaços naturais, como zona húmida o estuário do Sado não encontra rival em Portugal.
Tem uma luz própria. E ao contrário de outras grandes zonas húmidas do país, desde a ria de Aveiro à ria Formosa, em parte rodeadas por urbanizações, fábricas, estradas, o estuário do Sado, à parte da zona industrial e urbana das imediações de Setúbal, ainda respira sem claustrofobias.
Comunica quase sem obstáculos com a costa e uma vasta área de montados e pinhais do Alentejo. A vastidão e diversidade do estuário do Sado esconde-se dos grandes eixos de circulação e quase passa despercebida a quem, por exemplo, circula na longa península de Tróia, numa das raras vias que expõe parte da vida “secreta” deste grande ecossistema. A própria península é em si uma particularidade única em Portugal.
Das dunas ao sapal
O lado do Atlântico marca
o início de uma praia e sistema dunar que só terminarão em Sines, após cerca de 60 quilómetros de extensão, sendo que 16 correspondem ao comprimento da península. Do outro lado, é a margem ocidental do estuário e o limite da reserva, mas há um troço em que esta avança com a sua fronteira até ao mar. É uma área de reserva botânica, com uma valiosa colecção de dezenas de espécies dunares, incluindo endemismos de Portugal e da Península Ibérica.
Do lado do grande estuário, cuja influência das marés se faz sentir até às proximidades de Alcácer do Sal, o solo arenoso dá lugar a um outro biótopo na fronteira com o vasto espelho de água: o sapal. São terrenos de aluvião (compostos pela acumulação de lodos, areias e detritos orgânicos transportados pelas águas correntes) que marginam massas de água salgada, onde assenta uma comunidade particular de plantas bem adaptadas a grande salinidade e às amplitudes de marés.
Juntamente com as superfícies lodosas sem vegetação descobertas na maré-baixa (bancos de vasa), são zonas de decomposição de matéria orgânica e de grande produção de fitoplâncton, algas, poliquetas, bivalves, e por isso, importantes fontes de alimentação para muitos seres vivos, incluindo milhares de aves. No estuário encontram-se grandes áreas de sapal nas zonas da Comporta, Carrasqueira, Monte Novo da Palma e Herdade do Pinheiro.
2005-04-05