Uma recuperação engenhosa faz sobressair a estrutura antiga deste edifício do Bairro Alto. A decoração moderna acrescenta-lhe um toque cosmopolita. Da cozinha saem especialidades indianas, caboverdianas e portuguesas que atraem uma verdadeira legião de clientes fiéis.
Acessos: Metro Baixa/ChiadoA Rosa da Rua, uma evidência engraçada da Rua da Rosa, é um restaurante com uma história curiosa para contar. A sua proprietária, tendo deixado a actividade docente que exercia há um tempo, decidiu, numa estratégia de mudança, enveredar pela área da restauração. Tinha uma vantagem, como espaço possível de utilização. Em pleno Bairro Alto, em lugar nobre da Rua da Rosa, um prédio que pertenceu em tempos ao seu trisavô. Que o deixou como herança com a condição de não ser vendido fora da família. Assim, Teresa Ferreira de Almeida com a ajuda do seu marido, artista plástico, o responsável pela iluminação e uma inesperada instalação de barbies numa das paredes do restaurante e do arquitecto Francisco Sequeira na decoração, lançou-se à obra.
Obra que foi complexa e demorada, na reconstrução, passo a passo dos vários andares do prédio. Aqui continua a história. Cada etapa finalizada da dita obra era festejada com um almoço. Teresa fica surpreendida com os cozinhados de um dos serventes, indiano de origem que é quem vai buscar para a cozinha do restaurante. Ao fim de algum tempo a sua mulher, residente na zona de Punjab e também ela boa cozinheira, vem-lhe fazer companhia. Da mesma obra, dois outros operários, estes cabo verdianos, passam a integrar a equipe da sala. De Goa, vem a influência motivada pela paixão de Teresa por esta terra, que muitas vezes visitou ao longo dos anos. Finalmente, a cozinha de casa de família portuguesa, resulta das receitas da sua avó, também ela distinta gastrónoma. Assim se explica a miscelânea culinária que, na ementa da Rosa da Rua surpreende.
A Rosa da Rua é um restaurante bem frequentado, onde se misturam, contrariamente às tendências dos restaurantes de moda em Lisboa, pessoas diferentes. Estrangeiros sem ar de turistas, famílias, casais mais jovens. O ambiente resulta cosmopolita e o tom, como seria de esperar predominantemente rosa, fica bem entre a pedra à vista das paredes. O serviço é de uma suavidade simpática e eficaz, pouco comum. Das escolhas, comecemos pelo gaspacho, suave, de tempero e acessórios adequados. Continuemos pelas lulas recheadas, das pequeninas, em estufado apurado. Passando para a zona internacional, refira-se o caril de Punjab feito com camarões grandes e fartos em molho saboroso e o arroz solto complementar. Uma revelação é a moqueca, à moda de Cabo Verde. O camarão é grande e bom, molho de boa consistência com um toque equilibrado de dendê onde é de realçar a suavidade da castanha e do amendoim. É servido com arroz e com paparis que resultam num acompanhamento adequado. Eisbein com puré de maçã e couve lombarda ou o bife de vazia com molho de manteiga de amendoim são duas ilustrações de outras escolhas que também abrangem a cozinha vegetariana. Fruta fresca, marquise de chocolate, pudim de laranja e doce de castanha, castanha ralada com doce de ovos e chantilly são as sobremesas mais interessantes.
2006-06-14