Inaugurado em Julho de 2001, está instalado no Palácio Castelo Branco, edifício recuperado pelo arquitecto Fernando Sequeira Mendes. O museu dedica-se à apresentação, conservação e estudo das Tapeçarias de Portalegre, peças nobres do património artístico nacional.
Apesar de o famoso ponto de Portalegre ter sido criado por Manuel Carmo Peixeiro, no final dos anos 20, foi através do impulso de Guy Fino que a firma Tapetes de Portalegre evoluiu para a actual manufactura. Muitos foram os pintores que viram aqui as suas obras reproduzidas. Só para citar alguns nomes: Jean Luçart, Le Corbusier, Almada Negreiros, Graça Morais, Menez, Júlio Pomar, Vieira da Silva, entre outros.
Em termos de espaços físicos, o museu integra uma galeria de exposições temporárias, auditório, cafetaria, foyer e jardim.
Se há sessenta e cinco anos alguém dissesse que a então pequena cidade de Portalegre se iria tornar na capital da tapeçaria em Portugal e a partir de lá se iriam produzir as melhores tapeçarias do mundo, poucos acreditariam nesta premonição.
No entanto, mesmo contra as piores expectativas, um visionário chamado Guy Fino, homem com um profundo conhecimento da indústria de lanifícios, lançou-se numa empreitada única. Fazer tapeçarias de alta qualidade. E foi bem sucedido!
A epopeia começou em 1946 quando os irmãos Fino se aliaram a Manuel do Carmo Peixeiro, o inventor do ponto de Portalegre, que permitia rematar de forma perfeita o tapete. Depois, era necessário dar-lhe motivos que fugissem ao tradicional.
Num golpe de génio, Guy Fino decidiu desde a primeira hora reproduzir em tapeçaria, do modo mais fiel possível, os quadros de artistas famosos. Foi assim que Almada Negreiros, por exemplo, começou a ver parte das suas obras ilustrarem as tapeçarias de Portalegre mas não só. Também Júlio Pomar, Graça Morais, Vieira da Silva e mais tarde, Le Corbusier.
Visita ao museu
Apesar de se encontrar localizado no Palácio Castelo Branco, um antigo edifício do século XIX, o museu não é um espaço antigo ou sequer pouco funcional. Por detrás das grossas paredes, descobrimos salas amplas e luminosas, chão de madeira e uma sinalética perfeita, com informações sobre as peças que se encontram em todas as salas.
E para além das galerias, existe também um auditório com capacidade para 150 pessoas onde frequentemente se realizam eventos culturais como colóquios, ciclos de cinema ou teatro.
Mas nem só de exposições permanentes vive o museu. Existe também uma área de exposições temporárias pertencentes maioritariamente a coleccionadores privados e também à manufactura das tapeçarias.
O museu é um espaço interessantíssimo, pena é que não seja permitido tocar ou sequer tirar fotografias, o que é compreensível, devido ao valor das obras em questão. O procedimento é idêntico a um museu de pintura. Afinal, estamos a falar de obras de arte.
O realismo dos quadros é tal que a cerca de três metros de distância nem parecem tapetes mas sim autênticas pinturas, tal é a vivacidade das cores e a perfeição dos desenhos.
Por breves instantes, parece que estamos no Centro de Arte Moderna da Gulbenkian ou na Fundação Viera da Silva. A meio da visita descobrimos um tear, com linhas entrelaçadas onde se faz o tal ponto de Portalegre.
A guia, sempre solícita, explica-nos como se constrói o padrão e pedagogicamente, até exemplifica puxando uma linha. Parece fácil, mas não nos iludamos. Para manter o padrão direito e certinho é preciso ter olho e prática. O que nos leva a concluir que as senhoras que trabalham na manufactura destas autênticas obras de arte, não são artesãs, mas sim artistas, tal é o esmero e a perfeição da quadrícula.
2004-04-06