Boicotar o São Valentim? Nada disso. São só umas partidas bem-dispostas para animar o Dia dos Namorados. Atirar pipocas no cinema aos apaixonados que veem comédias românticas foleiras é a nossa preferida. Diva, we love you!
Não é a primeira vez que escrevo sobre o Dia dos Namorados mas é a primeira, desde há algum tempo, que o faço solteira.
E é uma sensação... Ótima.
Não ter que pensar na obrigação de ter a noite de amor perfeita, mesmo que esteja com uma infeção urinária, traz-me um certo alívio. Esta data transporta-me para uma sensação semelhante à que tenho relativamente à passagem de ano. Aquela celebração em que as expetativas de diversão são tantas que acabam por arruinar toda a magia do momento.
A obrigação de amar, e de ser amado, não devia estar consagrada numa efeméride, só porque alguém se lembrou que sim. Além do mais, parece-me um pouco elitista, oferecer um dia do ano aos casais enamorados, sabendo que atualmente os homens são quase todos gay, e as mulheres preferem viver sós do que mal acompanhadas com a oferta que resta. Já não basta a pressão social que uma pessoa sente por ter 30, e não pensar ter filhos até ao ano anterior ao da menopausa, quanto mais levar com este baralho.
Esta introdução profunda só serviu para vos dizer que, solteiros e solteiras, este dia do ano também é vosso.
Era bom, não era?
Mas é mentira.
Este dia não é meu, nem vosso. Infelizmente.
A verdade é que a cidade se transforma na Arca de Noé e os outros que se lixem.
Como não há nada a fazer para colmatar isto, creio que a única coisa que ainda está nas nossas mãos é tentar minimizar a felicidade dos outros. E não me venham dizer que sou mal intencionada, amarga e foleira.
Solteiros, amigos, prometam-me que dia 14 de Fevereiro vamos todos:
Comprar uma lembrança à Ale-Hop
Amo esta loja. No outro dia entrei para comprar um chinelo gigante que, no seu interior, tem imensos chinelos bebés para oferecer aos convidados e, quando dei por mim, estava uma colaboradora a fazer-me uma massagem às costas com uma espécie de luva super tecnológica. Como esta semana os casais vão estar em psicose total à procura das algemas, e também dos dados com posições do kamasutra, sugiro que os comprem. Depois devolvem. Não sejam somíticos. Já agora, se estiverem muito ressabiados por passarem este dia sem par, aconselho-vos a adquirir a bola anti-stress. Há décadas que é um best-seller por alguma razão.
Passear a Belém
Como este ano o dia do amor calha a um domingo, prevejo que os mamutes vão andar de mãos dadas a passear pelos jardins fora. Eu conto ir a Belém apanhar um sol, porque também sou gente, mas não vou abdicar de levar uns quantos ovos podres na mala. Assim que vierem para os meus lados aos beijos, acaba-se logo a brincadeira.
Jantar ao Afrodite
Já se sabe que os mais pirosos vão jantar a sítios temáticos em que as mesas estão cobertas de pétalas de rosas vermelhas que cheiram a mofo. Eu diria que seria interessante reservar mesa para 15 no Afrodite, só para acabar com o ambiente dos pombos ranhosos. Como, ao que parece, a ementa do referido restaurante é afrodisíaca, e o grupo fica à vossa escolha, ainda levam alguém para casa nessa noite. Quem diz que neste dia só com Amor? Ah bom...
Ir ao Cinema
Aqueles que namoram há mais de 8 anos, já fartos um do outro, têm tendência para estes programas mais chapados. Ver um filme e comer pipocas com o cartão da ZON fica barato e cumpre os requisitos. É só ter atenção às reservas antecipadas, visto que casais deste género são mais que as mães, e aproveitar uma sessão fantástica de tiro ao alvo. Bastará escolher uma comédia romântica daquelas péssimas, selecionar um lugar bem lá para trás, e comprar um balde de pipocas XL para ir lançando aleatoriamente às cabeças dos apaixonadas. Let the games begin.
Ir dormir ao H2otel
Bom… Não sei se tenho que vos explicar mas parece-me óbvio que este será o presente mais oferecido entre os casais mais arrojados. Pelo menos para aqueles que não se importam de gastar uns trocos em prol do romance. Por isso, mesmo que não tenham companhia, façam um esforço para passar lá a noite. Nem que seja para meter a TV aos altos berros, minar a piscina de água quente com urina ou, então, passear pelos corredores de olhos bem atentos à caça dos mais discretos, que ainda acreditam que podem entrar e sair destes locais de forma absolutamente anónima...
You Wish.
Conto convosco.
Love.
D.
A autora e o blogue
O blog Divas em Apuros não é para quem quer, é para quem pode.
As Divas de Portugal têm finalmente um espaço para ler histórias dignas e relevantes.
É dedicado ao público feminino mas não julgará outros géneros. É pensado para quem assiste à Casa dos Segredos mas que não pode contar a ninguém. É também dedicado às meninas que nunca ganharam tão mal na vida mas que, ainda assim, continuam a ir à H&M duas vezes por mês.
É o blog para quem nasce Diva e morre Diva.
Basta de sermos humildes.
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Por Raquel Garção | Divas em Apuros 2016-02-5