Restaurante de cozinha regional, possui uma magnífica vista para o rio Mondego e o seu vale, através da sua grande sala envidraçada. Destaque para os pratos de caça (javali com castanhas, veado com figos, faisão estufado, lebre à caçador) e para os peixes de rio (lampreia à bordalesa e sável).
Dia(s) de Encerramento: SegundasO relógio já marcava 13:35 e eu estava cinco minutos atrasado para mais uma das minhas reportagens gastronómicas. Desta vez quis o destino, ou melhor o plano de viagem, enviar-me para uma terra simpática chamada Penacova, a cerca de 25 quilómetros de Coimbra.
Cheguei junto à Câmara Municipal perguntei a umas jovens onde era o restaurante panorâmico e prontamente me indicaram que era ali mesmo. Sorte ou talvez apenas pura intuição de viajante. Estacionei em frente à pérgola Raúl Lino, contornei o edifício, desci uma escadas e voilá.
Descobri um restaurante agradável, com um toque chique. Comprido, de formato rectangular, por dentro é todo em madeira com amplas janelas que permitem ver para todo o lado.
Tem cerca de 70 lugares e quase todos fazem jus ao epíteto de panorâmico, pois desfruta-se de uma paisagem magnífica sobre o Mondego. Na zona de Penacova o rio é tranquilo, descrevendo uma curva de cerca de 90 graus, e na sua margem direita encontramos uma apetecível praia fluvial, e porque estava a fazer um bom sol, até suspirei pela sesta na areia.
Após estas breves impressões, caminhei até ao centro da sala e cumprimentei o proprietário, o Sr. Arménio, um bon vivant simpático e bonacheirão que logo me pôs à vontade. Escolhi uma mesa ao fundo, mas não a última, conhecida também como mesa dos presidentes onde Sampaio e até Soares já almoçaram. Desta vez um casal almoçava, por isso perdi a minha oportunidade.
Fiquei sentado na penúltima mesa porém no lugar de dentro, pois o sol é um pouco forte a partir da duas da tarde. Segui os conselhos de quem sabe.
Enquanto esperava pela comida e me ia entretendo com as entradas, alguns enchidos e queijinho de cabra, ouvia por instantes o acalorado almoço de negócios entre o presidente da Câmara e alguns empresários locais. Afinal o edil trabalha mesmo por cima do restaurante, o que se justifica.
Terminei as entradas e aguardava pelo arroz de pato, feito no ponto e bastante solto. O vinho, um tinto da Bairrada, ácido e aromático, estava mais do que à altura das circunstâncias, casando bem com o arroz.
Com o passar do tempo, o restaurante foi ficando vazio e eu, aproveitei para me ferrar à conversa com o Sr. Arménio que se autodefine como “um miúdo do rio”. A verdade é que ainda nem 20 anos tinha e passou a salto para Paris e por lá ficou até se tornar mâitre de hotel, profissão que exerceu durante anos. Histórias hilariantes de rebentar a rir foram-me reveladas dos tempos loucos de Montmart na década de 70.
E para não ficar desamparado nem sequer ser mal educado com o meu anfitrião, decidi mais uma vez aceitar a sugestão de provar um pouco da nevada de Penacova e do pastel de Lorvão. Por fim, rematei tudo com a excelente aguardente caseira, feita no alambique do sogro, um bálsamo para aconchegar a digestão.