Restaurante de inspiração regional, situado na chamada zona histórica de Viseu, por entre as ruas e ruelas que são a alma da cidade. Tem sido distinguido com vários trofeus ao longo dos tempos. Refira-se a excelente paleta de vinhos, em especial os vinhos do Dão e o vinho da casa, de Mangualde. É um espaço original, onde existem placares de cortiça (recorde-se o nome do espaço...), sobre paredes de pedra, dos quais pendem manuscritos, conferindo à sala de refeições um certo carisma. Aqui, estão escritas mensagens de clientes em guardanapos e pedaços de papel. Testemunhos de quem aceitou embarcar nesta viagem pela gastronomia regional beirã...
Dia(s) de Encerramento: Não encerraSe outras razões não houvesse para visitar Viseu (que as há e muitas), uma incursão ao Cortiço seria o bastante para dar a viagem por bem empregue. Bem no centro da zona histórica, perto da Sé, este restaurante é uma catedral de boa cozinha. Há mais de 38 anos no mesmo espaço, a par com os monumentos, o Cortiço encabeça muitos cartazes turísticos da cidade. E apesar do reconhecimento, não renega as origens humildes. De taberna que servia petiscos elaborados, com produtos oriundos das aldeias próximas, teve como evolução natural a transformação num dos melhores restaurantes típicos da região. Manteve-se a qualidade, o travo da cozinha beirã e com tais ingredientes, a fama que se tornou inevitável. No ramo da restauração, onde as casas crescem e desaparecem num ápice, mudam de gerência e de nome ou deixam cair o nível de qualidade, qual o segredo da longevidade do Cortiço? Para começar as origens que devem ser conhecidas, lembradas e preservadas. O seu fundador Zeferino recolhia nas aldeias vizinhas receitas de pratos caseiros e testáva-as ele mesmo. Se ao provar um cozinhado durante uma semana não se fartasse, era certo que podia prever um sucesso. Depois era só escolher um nome. Estranho, de preferência, mas sugestivo. A técnica era básica, de tal forma que se perde a conta à origem, existindo apenas ajustes de ocasião.
Uma ementa diferente, se não vejamos. Bacalhau apodrecido na adega, coelho bêbedo em três dias de vida, rojões com morcela como fazem nas aldeias, cabrito assado no forno à pastor da serra, feijocas com todos à maneira da criada do senhor abade. O arroz de carqueija acompanhado de carne de vitela e chouriço é presença regular nestas mesas. Pratos fartos e de sabores vincados, servidos como manda a tradição: em púcaros de barro ou nas panelas de ferro. E apesar de neste cortiço não se fabricar mel, produzem-se outros doces pecados. Os papos de anjo encabeçam a lista. Quanto ao sentido figurado do nome, e não obstante a casa principal ser pequena (no edifício em frente há outra sala pertencente ao restaurante), há sempre espaço para mais alguém que queira provar o vinho da casa, de Mangualde, servido em jarro de madeira. Os vinhos contemplam essencialmente a região do Dão e Lafões, ali tão perto. Da serra veio também o queijo e o presunto das entradas. Aberto todos os dias da semana, para que ninguém possa dizer que encontrou a porta fechada, os clientes que por aqui passam vão agradecendo como podem. Os guardanapos de papel são o suporte mais escolhido. Nas paredes, as mensagens comprimem-se para que possam caber ainda mais. Amália provou do Cortiço, muitos políticos, e outras personalidades públicas, actores, apresentadores, dividem-se entre o dito guardanapo ou o livro de honra. Para além destes reconhecimentos, outros foram surgindo ao longo destas quase quatro décadas de existência. Os inúmeros troféus com que foi premiado estão espalhados pelas sólidas paredes de granito. Ambiente rústico e acolhedor, a condizer com a gastronomia que também aconchega... e muito!