Restaurante situado na zona nobre de Estremoz. É uma adega típica e bem característica, onde são servidos pratos regionais bem confeccionados.
Bar/Sala de espera: BarNo princípio de tudo, um casal, quatro mãos para a cozinha. O local era uma adega, onde se produzia o vinho e se faziam uns petiscos para acompanhar a prova. Caracóis, no tempo deles, pernas de rãs e outras iguarias. Tudo isto sem o taberneiro se afastar muito do seu “avental”, uma metáfora que serve para designar o balcão. O filho de Isaías ali aprendeu o ofício, tendo recebido em vida, a herança do saber fazer e hoje é ele quem comanda a casa.
Contam-se mais de 50 anos de actividade, muitos deles sob a competência do Isaías pai, primeiro como adega, (que produzia vinho até há pouco mais de uma década) depois como restaurante. Orgulha-se Isaías de pouco ter modificado na arquitectura e decoração do legado de seus progenitores. As talhas, lembranças da adega que ali funcionou, não deixam cair no esquecimento o sumo que ainda hoje se bebe. Esse e um outro tipo de líquido já famoso denunciado pelos versos que encimam as talhas.
Deus no Velho Testamento
No alambique dos dias
Pôs um gosto secular
Na aguardente do Isaías
Toda a decoração é típica. Logo à entrada, como que a dizer ao que se vem, existem cebolas e os alhos ao dependuro. Nas paredes, ficam os troféus gastronómicos devidamente emoldurados disputando espaço com fotografias de figuras importantes de vários quadrantes que por ali já passaram.
As mesas envergam as típicas toalhas aos quadrados verdes e brancos e os bancos de madeira são corridos. Como antigamente. Quanto ao Isaías, ele é vê-lo à porta de seu humilde estabelecimento, conversando com quem passa sem descurar a grelha, que entretanto assa febras, entrecosto, entremeada, lombinhos, rosbife, costeletas de borrego e ainda secretos de porco preto. As doses são bem servidas.
Patriarca da casa, assume o comando das operações, até nas compras casa, que vão da carne ao sal. Da cozinha saem ainda as sopas de cação e de hortaliça, as migas, o borrego e o chispe assado no forno. Caça na altura dela, pato, feijoada de polvo e ainda cozido à alentejana. Algumas sugestões, resgatadas do esquecimento.
Antes mesmo de provar qualquer prato, aconchega-se o estômago com um chouriço sem pimentão cortado fininho para ser melhor saboreado. A azeitona é da região, aliás, assim como tudo o que aqui é servido. Queijo de ovelha curtido e o pão do tipo que todos sabemos.
Quanto às sobremesas, como se calcula, não são da competência de uma ex-adega, mas ainda assim o Isaías, delega funções a quem do assunto percebe. Doces conventuais, essencialmente. Pão de rala, encharcada, sericaia com ameixa, bolo mel e noz e filhoses com mel.
Por tudo isto é natural que a fama tenha chegado longe, porque longe também foi levada a sua gastronomia, nomeadamente em festivais nacionais. Se o concurso fosse de relação qualidade-preço, se não ganhasse, com certeza que ficaria muito perto do primeiro lugar.
REPORTAGEM ACTUALIZADA EM DEZEMBRO DE 2009