Restaurante que baseia a sua oferta numa cozinha de cariz regional e conventual. Um clássico da região, fundado em 1938.
Dia(s) de Encerramento: Não encerra“Quem passa por Alcobaça não passa sem lá voltar.” Isto canta a música e o povo confirma. Se certo é que são os monumentos que atestam a antiguidade do lugar (e o convento comprova o dito), não menos verdadeiro será afirmar que muitas das vezes os viajantes regressam presos que ficaram pela boca. Parece-me ser o caso do António Padeiro.
O Convento de Alcobaça é o local onde a correnteza humana desagua e o centro para o visitante que chega sem mais nenhuma informação. Estaciona-se por lá e consoante as horas toma-se um dos dois destinos por prioridade. O mosteiro ou o restaurante.
À volta do monumento, em bancos de jardim ou nos cafés, os habitantes recompõem a vida da cidade. Podem ser eles e elas os guias para chegar até ao António Padeiro. Nada de muito complicado mas quem não sabe é como quem não vê.
Sem grandes motivos decorativos porque afinal são as pessoas e a cozinha de cariz regional e conventual que lhe dão vida, o espaço é pequeno, mas ainda que não pareça leva 65 pessoas. Pisco um primeiro olho à mesa e fico contente com o que vejo. Para já não é preciso mais. Guardanapos de pano e dois copos.
O que há de típico em Alcobaça? O frango na púcara à moda da cidade, talvez o prato mais emblemático. No António Padeiro essa ave pode ser substituída por perdizes de caça. Uma tradição do tempo em que esta zona era campestre e por onde saíam os frades para caçar.
Venha então o frango. Caseiro, sim senhora, comprovo por experiência própria, assim como atesto a qualidade do acompanhamento. O arroz branco é solto e as batatas fritas (confirma-se que não são das congeladas) pareciam fritas em óleo novo tal era o dourado que ostentavam. De queimado nenhum vestígio.
Os que gostam de pato que avancem sem receios e o mesmo se diz para os amantes do cabrito preparado no forno. Quanto aos bifes pode desempatar de entre sete hipóteses. Todavia, se tiver em mente uma alternativa mais consistente, o cozido nacional é a opção certa. Prenda a sua memória nuns lombinhos de porco preto com alecrim ou numas plumas de porco preto com tomilho. A vitela arouquesa é ainda bastante apreciada.
Como em matéria de gostos não se devem impor regras, enguias fritas, ensopado de lulas ou papas de bacalhau são dois bons petiscos. A iniciar a refeição pode estar um simples presunto bem temperado e cortado fininho que faz par com o salpicão e o queijo. Simples e saboroso.
Para o sucesso da refeição, uma doce herança da sabedoria herdada dos conventos. A saber: trouxas de ovos, sopa dourada, pudim dos frades, lampreia de ovos, ou até um confortante requeijão com folhado e doce de abóbora. Isto é só uma amostra do que pode encontrar. Esta casa que frequentemente participa em festivais de doçaria conventual já chegou a apresentar 17 receitas diferentes.
Fofo e de fácil digestão é o pão-de-ló de Alfazeirão feito noutros tempos pelas freiras do Convento de Cós. Vai 7 minutos ao forno e é uma maravilha. Nem que quisesse, do que comi não tive defeitos a apontar.
Quanto aos vinhos, o da casa é da Adega Cooperativa de Alcobaça mas a selecção foge mais para os lados do Alentejo. Porém, a imperial pode perfeitamente ser outra companhia.
Aliás, segundo se diz esta foi a primeira casa do distrito de Leiria a ter cerveja a copo. Segredo é segredo, todavia apesar de não se fazer valer do truque do copo riscado no fundo que retarda a morte da dita, ainda assim há alguns cuidados essenciais com o detergente. Tangos nesta casa (esqueçam a dança, refiro-me à bebida) não são servidos. É que a gordura da groselha é prejudicial para a “loira”.
No fim pergunte pela aguardente de Alcobaça. Pode ser que tenha uma boa surpresa. Com tudo isto nem nos lembramos que estamos numa cave. E já agora, sempre chegou a ir ao mosteiro?