A Casa de Visconde de Chanceleiros, situada nas encostas do Douro, foi recuperada conservando as características antigas. Datada do início do século XVIII, foi adquirida em 1994 por um casal de alemães que procedeu a uma vasta remodelação, preservando, no entanto, o essencial da identidade da casa e da sua antiga traça.
Uma enorme sala é o verdadeiro centro do solar e daí se passa para o magnífico alpendre com uma vista soberba sobre o vale do Douro. Os quartos, confortáveis e modernamente equipados, dispõem-se junto à piscina. Um conjunto de infraestruturas de desporto e lazer proporcionam aos hóspedes um amplo leque de opções: piscina, ténis, jacuzzi, squash. E depois, há pormenores mais do que curiosos, como a sauna que funciona numa antiga pipa de vinho.
Mal chegamos a Pinhão percebemos que estamos a respirar o ar do Douro, um bafo quente que sobe pela encosta e nos protege do imenso declive das plantações de vinhas que quase nos fazem perder a noção da estrada. A grandiosidade do local suporta uma ideia de uma tela impressionista, acabada de pintar e sempre em constante mudança, conforme o vento, a estação ou a disposição de quem observa. A Casa do Visconde de Chanceleiros situa-se a escassos quilómetros do Pinhão. Uma entrada envidraçada dá lugar a um espaço de real conforto, onde se observa que cada esquina foi idealizada e modernizada tendo em vista a tranquilidade e o maior desfrute possível por parte do hóspede. Não estranhe se por lá ouvir falar muitas línguas: inglês, alemão e português misturam-se numa agradável troca de impressões dos donos da casa ao visitante. É impossível não se sentir bem recebido ao observar as duas imagens dos azulejos, uma donzela e um cavalheiro, que indicam a porta principal de entrada com um gesto de hospitalidade. Tudo faz parte da recepção calorosa que encontrámos ao chegar.
E como estávamos próximos da hora de jantar, nada melhor do que um churrasco ao ar livre, com as várias famílias que se encontravam na quinta trocando dois dedos de prosa enquanto se prova o mais conhecido néctar das redondezas: o vinho do Porto. Sai um leitão do forno, para gáudio dos espectadores, que se sentam nas mesas sob as vinhas, admirando não só o espectáculo da natureza como também o confronto de culturas reunidas no local. A noite vai alta quando nos decidimos deitar. O quarto é na verdade uma autêntica suite, com vários recantos onde se colocam mesas de leitura, camas com vaporosos mosquiteiros de tule branco e a sensação de estarmos a descansar, nas almofadas que chegam para nos aconchegar e guardar durante as horas da noite.
2003-07-01