Inaugurado em 2006, está instalado num moinho recuperado, com vista para uma ribeira. A concepção do espaço divide-se em duas áreas distintas - a parte rústica, feita com materiais de origem e decoração campestre, e a zona moderna, envidraçada, com perfis metálicos e pedra de ançã. A ementa baseia-se na cozinha tradicional portuguesa.
Bar/Sala de espera: Bar e Sala de EsperaFica a poucos minutos de Coimbra, mais concretamente em Ançã, uma freguesia do concelho de Cantanhede, terra de pedras brancas e azuis adoradas pelos artistas, e desde há cerca de quatro anos e meio, de boa mesa.
Genealogia
Esta história remonta a 1834, quando o então Ministro da Justiça, Joaquim António de Aguiar, no âmbito do estabelecimento do Regime Cartista, assinou um decreto de extinção das ordens religiosas masculinas e nacionalização dos seus bens. A acção valeu-lhe o epíteto de «mata-frades» e permitiu que José Ferreira Pinto Basto, mais conhecido como fundador da Fábrica Vista Alegre, adquirisse a Quinta do Rol – à altura pertença dos frades crúzios - onde se situa, hoje em dia, o Restaurante Farinha de Milho.
É Alberto Ferreira Pinto, seu descendente, que nos recebe, hoje, cerca de 190 anos depois, no Farinha de Milho. O restaurante foi erguido a partir da antiga moagem, cuja actividade terminou por volta de 1985, após 800 anos de laboração, englobando, ainda, as zonas da casa do moleiro, das hortas e do curral dos burros.
A obra
O moinho, inteiramente recuperado, é a imagem de marca da casa e brilha na zona do bar, cujo chão envidraçado deixa perceber o movimento contínuo das pás e o correr das águas da ribeira. Águas que nos acompanham ao longo de toda a refeição, seja pela sua visão através das amplas vidraças da sala principal, ou pelo som reconfortante que se insinua por cada janela aberta.
Passando à ampla e solarenga sala principal, sobressai o painel desenhado na parede de fundo, que ilustra todas as fases do ciclo da farinha de milho. A assinatura corresponde a Alves André, escultor de renome nacional e internacional, residente em Portunhos, uma outra freguesia do concelho de Cantanhede.
Aqui o chão muda de cor. Da madeira de pinho que impera à entrada, evocando uma das actividades florescentes da região, para o negro do xisto, que ajuda a realçar a enorme parede lateral em Pedra de Ançã envernizada.
Escolhemos uma mesa bem junto ao vidro, para não perdermos nada da vista, e ficamos a saber que o mérito deste belíssimo conjunto arquitectónico cabe a João Laranjeira, parceiro de Alberto Ferreira Pinto no arranque desta aventura. Agora, o nosso anfitrião rege, a solo, o empreendimento que, supostamente, viria preencher alguns tempos livres deixados pela sua actividade de agricultor... mas que veio a revelar-se um pouco mais exigente do que isso.
No piso superior há ainda uma sala para festas e eventos com um amplo terraço, perfeito para aperitivos e coffee breaks.
O prazer da refeição
O serviço é muito atencioso, já que a equipa, bem formada, faz questão de servir os copos e limpar as migalhas sempre que necessário, embora com a preocupação de não incomodar os comensais. Pequenos luxos que não se reflectem nos preços praticados.
As Entradas do Moleiro oferecem uma boa escolha para abrir o apetite. Provámos o Atum com feijão frade, a Salada de polvo e o Bacalhau com grão e salsa. Sabores muito frescos, a condizer com os patés caseiros de atum e de sardinha (este ligeiramente picante). Foi-nos sugerido um vinho Campo Largo Termeão Tinto Bairrada 2005 "Pássaro Branco", uma agradável surpresa, dada a sua leveza.
Em fundo soam notas de jazz, nada que usurpe a predominância à musicalidade da natureza. Mudam-se os pratos, que chegam aquecidos à mesa, adequam-se os talheres e servimo-nos do afamado Bacalhau com broa, uma delícia de simplicidade. A couve lombarda é tenra, as lascas de bacalhau (provenientes de postas previamente grelhadas) são suculentas e o aroma a azeite e alho q.b. é ouro sobre azul.