Num dos cantinhos da Serra dos Candeeiros, perto do vale das salinas de Rio Maior, fica um restaurante entregue às iguarias tradicionais. Sabores e aromas da serra que começam numa tábua de enchidos, passam por pratos como bacalhau com broa ou galo do campo avinhado e terminam num chorrilho de compotas (caseiras, claro). Num espaço a condizer, onde não faltam os azulejos nas paredes, nem as toalhas de mesa aos quadrados. Uma casinha típica, com portadas de madeira sobre as janelas e paredes caiadas a branco que esconde verdadeiras viagens pelo universo gastronómico português.
Acessos: EN1 - IC2 - A15Não é sofisticado nem pretensioso, pois o seu charme está precisamente no ambiente familiar, na sua decoração rústica e sem sombra de dúvidas, na sua comida. Se há restaurantes que apetecem repetir, o Cantinho do Alto da Serra pertence seguramente a essa categoria. Às portas de Rio Maior, na estrada que vem de Leiria encontra-se provavelmente o melhor restaurante de Rio Maior. Empurra-se a porta e penetra-se na primeira sala, para cedo intuirmos que esta é sem dúvida casa de bom pasto. Sentamo-nos e ainda antes de decidirmos o que comer, chegam à mesa as entradas. E que oportuna surpresa! Pratinhos regionais com petiscos saborosos como a feijoada, os pezinhos de porco, a morcela de arroz, farinheira, azeitonas, os cogumelos, os queijinhos entre outras iguarias. Tudo de fazer crescer água na boca. Para se resistir a tal assédio, o segredo é comer à vontade e devagar e de preferência com a companhia do vinho da casa que o proprietário vai buscar directamente ao produtor. Porém se preferir, pode eleger através da variada carta de vinhos, à altura do compromisso. Aliás, o vinho está profundamente ligado a esta casa, até porque o amplo salão de trás, ideal para grupos, foi em tempos um antigo lagar. Dessa época, ainda ficaram as cubas encrostadas na parede. Bem, mas de volta à refeição, lembre-se que é conveniente não perder o apetite, pois após as entradas há massada de peixe, bacalhau com broa e magusto, feijoada de caracóis, galo de cabidela ou pato escondido. Finalmente, chega a altura das sobremesas e é-nos trazido para a mesa um enorme tabuleiro com pêssego em vinho, pêra bêbeda e Doce da Casa com ovos, natas e nozes. Se houver espaço, come-se e aprecia-se. A orientação culinária do restaurante resulta muito do gosto de Manuel Neves, o dono, para quem comer é uma arte. E não são poucas as vezes que se faz à estrada em busca de outros restaurantes onde possa satisfazer o seu apetite. Das ideias e sabores que vai provando, do gosto de comer bem e da carolice de orientar a cozinha ajudado pela sua mulher nasceu este restaurante, já lá vão mais de 10 anos. Durante este período, Manuel Neves que gosta de acompanhar os seus clientes à mesa, lembra-se de várias histórias, sendo a mais insólita, os clientes da Madeira que durante semanas foram lá comer todos os dias. Depois, acabaram por copiar tudo e abriram um restaurante idêntico, com o mesmo nome e uma ementa similar. E para cúmulo, convidaram Manuel Martins para a inauguração, que aceitou de bom grado. Em Portugal, o Cantinho do Alto da Serra foi pioneiro neste tipo de restaurantes com entradas buffet feita à base de pequenos pratinhos que nos alimentam quase tanto como uma refeição.