Situado no centro da vila é um restaurante multifacetado que tem, para além da comum sala de refeições, uma loja, um espaço de convívio e uma galeria de arte. Especializado em pratos alentejanos é possível experimentar as migas com carne de porco preto ou pataniscas de bacalhau. Se preferir petiscar aconselha-se as tartes de legumes, as farinheiras grelhadas ou os queijos sempre acompanhados de um vinho de Pias. As sobremesas são também deliciosas, nomeadamente a sericaia e o arroz doce. Nada foi deixado ao acaso, a cozinha é verdadeiramente de qualidade e caseira e, só por isso justifica uma paragem.
Ambiente e decoração: Espaço de média dimensão que permite saborear uma refeição e apreciar obras de arte que se encontram expostas temporariamente. Existe ainda uma loja com produtos regionais.Na vila morena, a porta abre-se para uma experiência multiusos: restaurante, salão de chá, doçaria, casa de vinhos, mercearia, recanto de artesanato, galeria de arte. Um segredo alentejano bem guardado, com sete vidas como os gatos e o requinte do idioma francês.
Quando João Baptista da Silva Leitão de Almeida se proclamou Garrett, havia já vivido o suficiente para se considerar rico em memórias, apesar de não contar mais de 22 anos. Também Brunilde Nobre, em Outubro de 2001, se convenceu que era tempo de escrever um novo capítulo, longe da rotina de escritório lisboeta. E se o fez com a mesma elegância do apelido francófono de João Almeida, as páginas em branco encontrou-as justamente no número quatro da rua que Grândola dedica ao escritor, dramaturgo e político do século dezanove.
Fina mercearia
No centro, a dois passos da câmara municipal, a fachada de caixilharia em madeira faz sobressair o Espaço Garrett no aglomerado de estabelecimentos comerciais. Espreita-se: a primeira impressão devolve uma mercearia fina actualizada com os anos 2000, mas sem perder o charme de um clássico do cinema português.
Quantas ideias cabem nesta antiga taberna, pensão e consultório médico? Muitas. Uma explosão de frascos e garrafas de tamanhos e feitios diversos, bules de chá, louça envelhecida, panelões de cobre, balanças pesando espigas de milho, cestos em verga, vasos de manjericão.
Do tecto envernizado um lustre ilumina o verde das paredes, onde se destacam papoilas vermelhas estilizadas. Azeite, vinagre, flor de sal, chás, mel, doces, cafés. Os artigos gourmet provêm, de longe e de perto, de pequenas produções do tipo caseiro, explica a proprietária, Brunilde Nobre. Numa epopeia de possibilidades, a prometer urticária aos mais indecisos, têm mais sucesso os patês de azeitona de Odemira, as compotas de Viana do Alentejo ou o chatney de Azeitão.
Viagens na cozinha
Referências gastronómicas na obra de Almeida Garrett têm alimentado a curiosidade de investigadores. Saiba então que o fundador do romantismo português encontraria em Grândola uma sala de refeições cujo ambiente é profundamente definido por inúmeras telas e esculturas e por uma curiosa parede listada na vertical em branco e amarelo.