Tasca típica em Monte Gordo, com decoração rústica e pratos tradicionais, com enfoque na cozinha regional algarvia.
Preço Médio: 18.00Petiscos em boa hora
Acabou de abrir portas mas é uma autêntica tasca à moda antiga, seja na decoração, no ambiente nostálgico ou nos pitéus que nunca saem de moda. Repleta de despertadores e outros objetos do passado, A Taberna da Belinha faz das memórias o principal aperitivo e serve-os de bandeja em pratos simples mas cheios de sabor. Em Monte Gordo, o tempo já diz ao tempo que é tempo de conhecer este restaurante.
Se as paredes falassem, o número 3 da Rua Tristão Vaz Teixeira, em Monte Gordo, teria muito para contar. Outrora serviu de morada a um bar gótico e a um restaurante mexicano mas hoje é uma casa bem portuguesa, com certeza. Esta nova vida deve-se a uma filha da terra, a Belinha, que dá nome e alma a este espaço inaugurado na primavera deste ano.
É ela quem recebe os clientes à entrada. De sorrido fácil, trato simples e afável, não podia haver melhor cartão de visita para um restaurante, que à imagem da dona, tem tanto de castiço como de genuíno. E o mesmo se aplica à decoração, composta por dezenas de peças antigas, umas compradas em feiras e lojas de velharias e outras trazidas de casa da Belinha. E assim, de forma quase subliminar, se criou um ambiente caseiro e intimista.
Logo à entrada saltam à vista dezenas de despertadores espalhados numa das paredes. Todos parados na mesma hora (10h10), lembrando que por estas bandas o tempo voltou para trás e nunca mais quis correrias. Afinal, férias são férias e Monte Gordo não é terra para grandes pressas, diz-se por aqui aos clientes.
Recordações da casa da avó
Em frente à parede dos despertadores há outra com um quadro em ardósia que dá a conhecer as especialidades d`A Taberna da Belinha. Já lá iremos, porque antes é tempo de conhecer a casa, composta por uma sala comprida e um pequeno recanto que desenham uma espécie de L. Lá fora, no passeio, também há duas pequenas mesas mas costuma ser difícil conseguir um lugar.
O branco dos tetos traz mais claridade ao espaço (o restaurante tem apenas uma janela) enquanto as madeiras que cobrem parte das paredes oferecerem-lhe um ar acolhedor. E a este castanho junta-se ainda o do mobiliário, onde se destacam as cadeiras antigas, um relógio de cuco e um carrinho de bebidas decorado por um naperon de renda (a peça preferida da Belinha).
Um olhar mais atento faz-nos descobrir outras tantas antiguidades, desde um calendário original de 1934, um rádio vintage ou um candeeiro com berloques de vidro. Qualquer semelhança com a casa da sua avó não é mera coincidência…
Terminada a visita guiada ao “museu” chegou, então, a altura de olhar para o quadro com os pratos do dia ou, em alternativa, pedir para lhe levarem a carta à mesa. Lembra-se daqueles velhinhos cadernos onde os merceeiros e taberneiros faziam as contas? É num deles que vem escrita a ementa.
A Bel(inh)a e o monstro das cem ervas
Da cozinha saem pratos para todos os gostos e apetites, muitos inspirados na gastronomia portuguesa e regional. Assim acontece desde logo nas entradas, onde não faltam a muxama (espécie de presunto feito com atum seco), o biqueirão alimado (especialidade do sotavento algarvio) ou os tomates secos com azeite e alho. Seria difícil encontrar sabores mais algarvios.
Depois de abertas as hostilidades é tempo de optar entre os petiscos e os pratos principais. Dos primeiros destacam-se, por exemplo, a tiborna de queijo cabra e alecrim, a salada de polvo à taberna ou o grão com bacalhau e espinafres.
Para quem preferir algo mais substancial também há, por exemplo, bochechas de porco estufado (uma homenagem aos muitos alentejanos que passam férias em Monte Gordo), açorda de bacalhau, ou ravioli com figo, queijo cabra e molho de açafrão. Outra especialidade é o bife da vazia à Taberna, cuja fama já vem dos tempos em que a Belinha geriu uma steakhouse.
Quanto às sobremesas vale a pena provar a o bolo de figo e alfarroba, o gelado de tangerina ou a panna cotta, enquanto nas bebidas o prémio originalidade é dividido entre o suave refresco de romã e o poderoso Centerba, licor italiano composto por cem variedades de ervas aromáticas e… 70 graus de álcool. Um cheirinho italiano entre tantos aromas e paladares portugueses que o tempo guardou e a Belinha apurou.