As especialidades confeccionadas são à base de peixe preparado de forma diversa. A garrafeira apresenta vinhos alentejanos e outros. As paredes de pedras e os painéis de azulejo dão o ar rústico, tornando o ambiente agradável e acolhedor.
Acessos para deficientes: NãoMais perto da água do que um restaurante de praia, só um onde se chega de barco. É o caso.
Ligando com antecedência, Amadeu Henriques enfia-se no semi-rígido, boné na cabeça, e lá vai ele. Até à Marina de Portimão, ou até ao mar mesmo, se for lá que está quem tem fome. A alternativa, para quem tem barco, é entrar pela foz do rio Arade. Depois, se houvesse alguém a quem perguntar o caminho, a resposta havia de ser: «vá sempre em frente, e depois pare no primeiro restaurante à direita, que até tem umas escadas para deixar o barco ao lado». Podendo fazê-lo, é aproveitar, que isto de chegar de barco ao restaurante não é todos os dias.
Para os mais comuns mortais — a maioria de nós — o caminho a fazer é entrar em Ferragudo, e seguir pelo paredão até ao último restaurante. As coisas vistas de terra e vistas de mar são diferentes, é o que é.
À porta de uma casa pintada de branco, uma esplanada coberta com mesas e cadeiras de plástico mais ou menos azul, postas de frente para o rio. Para quem se vai habituando a decorações mais esmeradas, esta aqui deixa um pouco a desejar. Mas, depois de se provar o que há para comer, a conclusão é que a decoração podia ser melhor mas a comida é muito boa. Bom, mas já lá vamos. Ainda agora aqui chegámos, não é boa ideia começar já a tirar conclusões.
Entre a esplanada e o rio, quase a cair à água, está a grelha, montada debaixo de um toldo que protege os peixes e o homem que está a grelhá-los. Conforme se escolhe o que se quer, numa vitrina posta na rua, o empregado leva o bicho até ao grelhador e entrega-o. Mais honesto — ou transparente como agora se diz — que isto é difícil.
Enquanto se bebe uma cerveja ou vinho branco — cada sítio pede coisas diferentes, e aqui uma cerveja é exactamente o que vem a calhar — vê-se o peixe a ser amanhado ali à nossa frente, e então sim, a ser colocado na grelha.
Para lá do rio, e da grelha com o nosso peixe, fica Portimão. Prédios, algumas casas baixas e o eterno lamento por ninguém ter posto ordem na costa algarvia enquanto era possível. Talvez por isso aqui se esteja tão bem. Sem ser virado para a praia e de costas para os prédios da região, pelo menos tem-se um rio pela frente, e pescadores que vão e vêm, manobrando os barcos ali em frente. Como se houvesse um passado que não desapareceu por completo.
Quem gosta de peixe mas também gosta de variar sem ceder às tentações de carne, sendo dia disso, pode escolher o «único prato do dia da casa», como explica com orgulho o empregado de mesa. Feijoada de buzina. Não é de búzios, é de buzina. Maior, cortada aos pedaços, e mais tenra.
Para acabar em grande, pode-se pedir uma fatia de brigadeiro ou, já que se está no Algarve, mandar chegar-se à frente um Dom Rodrigo.
E então, fazer a viagem de regresso. Uns, de carro. Outros, os que vieram à boleia podem ensaiar um original «Olhe, se faz favor, era a conta. E o barco, para irmos indo».