O Mercado de Campo de Ourique é um dos mais antigos de Lisboa, tendo sido fundado em 1934. Em 2013 foi renovado com um conceito gourmet, inspirado no modelo do Mercado de San Miguel, em Madrid. Foram criados quiosques com capacidade para 16 lojas especializadas em diversas áreas como o bacalhau, as francesinhas, o marisco, o sushi ou a pastelaria. Se, por exemplo, na loja do peixe ou da carne pode escolher a peça e pedir que a cozinhem à sua vontade, no café pode comprar um quilo do dito para levar ou ainda adquirir fruta no mercado e pedir que a transforme em sumo. Mas como a ideia não é ir carregado de sacos para casa, aproveite as mesas disponíveis para almoçar e jantar. Hamburgueria, pizzaria, gelataria, sushi, petiscaria ibérica e até uma marisqueira são algumas das opções para a hora das refeições. A secção de líquidos não fica de fora: há uma champanheria, um Bar do Mercado e uma garrafeira.
Data e Periodicidade: Das 10:00 às 23:00. De quinta a sábado até à 01:00.Vamos comer ao mercado!
O renovado Mercado de Campo de Ourique, em Lisboa, é um dos locais mais concorridos para jantar ou almoçar por estes dias. Há peixe, frutas, legumes e dezenas de tasquinhas para petiscar.
Ir ao mercado já não é o que era. Pelo menos no que toca ao do bairro de Campo de Ourique. Desde 1934 que as bancas de pedra acolhem frutas e legumes do dia e peixe da lota para vender, mas os tempos mudam e os mercados também. Primeiro foram-se os pregões, agora chegaram as tasquinhas gourmet, petiscarias e outras modas da restauração. Durante o dia os locais continuam a fazer as compras do costume, mas à noite o espaço enche-se de forasteiros que vêm petiscar e conhecer o novo sítio da moda.
"É o progresso”, comenta Raquel Mata do alto de uma banca de frutas. Tem 27 anos e cresceu no meio da azáfama do mercado que até há bem pouco tempo encerrava às duas da tarde. Agora, quem quiser pode vender fruta pela noite dentro e Raquel veio render a mãe que tem a banca há quase 30 anos. Não há muitos clientes para a fruta mas a zona da restauração está a abarrotar. Há 250 lugares sentados e nem uma cadeira livre. Uma massa de pessoas vaga entre os corredores, com pratos e copos na mão, e muitas comem de pé ao balcão das tasquinhas. São oito da noite e está oficialmente aberta a hora de ponta do mercado.
São três os culpados pela atual agitação do espaço: Diogo Coutinho, do Noori, David Igrejas e João Cota Dias, do Prego Gourmet, criaram a empresa MCO para concorrer à exploração do mercado, uma iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa. O sítio foi remodelado e agora as bancas tradicionais convivem com 17 tascas gourmet escolhidas a dedo.
“A inspiração veio do conhecido Mercado de San Miguel, de Madrid, famoso por juntar vendedores tradicionais e restaurantes. Em Portugal, o Mercado do Bom Sucesso, no Porto, foi o primeiro a explorar um conceito diferente, com um supermercado gourmet, mas ao contrário do Porto, aqui a parte tradicional foi mantida como estava”, explica a responsável de marketing, Marta Costa.
Petiscos para todos
Uma das ideias centrais do novo espaço, inaugurado a 26 de novembro (2013), é estimular a articulação entre as bancas tradicionais e a restauração. O exemplo mais emblemático é o Chef do Mercado, a tasquinha onde, aos almoços, o chefe Manuel Lino desafia os clientes a trazerem do mercado o peixe já amanhado ou a carne e a deixarem o resultado nas suas mãos criativas. Vale tudo menos peixe grelhado, a palavra de ordem é arriscar. A taxa de preparação é €6 e dá direito aos acompanhamentos. Há outras opções na carta, como risoto de cogumelos ou plumas de porco preto com puré de batata-doce e castanhas (8€).
A variedade é o grande trunfo do mercado. Nas ‘tascas’, dispostas em quatro ilhas em redor da área central com mesas, há oferta capaz de satisfazer quase todos os caprichos. Na Praça Japonesa, pertencente ao Noori, um combinado do chefe com sushi e sashimi custa €12 e enquanto espera pode aproveitar para comprar uns pacotes de algas wakamé ou deixar-se encantar por umas facas Deba próprias para cortar sushi (€150). Ali ao lado, na pestiscaria Dois à Esquina há pratos tradicionais como farinheira com chouriço, moelas estufadas ou estupeta de atum. Os fãs de hambúrgueres só têm de dar dois passos para escolherem um hambúrguer da ementa do U-Try ou um prato de queijos e enchidos (€15) da Charcutaria Lisboa.
Opções líquidas
O único senão é o facto das bebidas se comprarem quase sempre à parte, o que pode implicar cruzar o mercado para ir buscar um copo de vinho ou uma cerveja. Para facilitar, alguns sítios deixam que se vá buscar a bebida enquanto se espera pelo prato e depois entregam este na mesa – se tiver a sorte de encontrar uma. Na Copo de Ourique há vinho a copo e a modalidade "meio copo", perfeita para fazer degustações ao longo da noite.
Outra alternativa líquida é acompanhar a refeição com um gin premium do Bar do Mercado que também serve caipirinhas a €5 e cocktails variados. Ou, se a fome não apertar muito, ficar-se por umas ostras com champanhe da Champanharia. Por €5 ou €9 degusta uma ostra (€2) e bebe uma flûte de Taittinger (€7) ou Murganheira (€3), um verdadeiro mimo gourmet. Tanto as ostras como os pratinhos de marisco do Mercado do Marisco ali ao lado vêm do restaurante Porto de Santa Maria, em Cascais.
Há mais tasquinhas a destacar, especialmente para os ‘carnófilos’, como a Casa do Leitão ou o balcão de carne Atalho com uns muito procurados pregos de entrecôte ou da maminha. É certo que no mercado se privilegiam os petiscos tradicionais mas há ofertas de outras latitudes. Além do sushi, o americano Joe Shack’s com asas de frango, costeletas, nuggets, fish&chips e calamares, tudo para comer à mão com os molhos da praxe por pouco mais de €7.
Doces típicos e gelados de autor
No campo das sobremesas há duas ofertas: a gelataria de autor Gelati di Chef e a Casa dos Ovos Moles de Lisboa cheia de possibilidades doces como beijinhos de freira, celestes de Santarém, pastéis de Vouzela e Tentúgal e, está claro, os típicos ovos-moles de Aveiro - uma delícia muito ‘chic’ já dizia o Eça de Queiroz nos Maias - que pode acompanhar com uma das variedades de café do Café do Mercado.
À medida que a noite avança mudam-se turnos nas tasquinhas e os empregados jantam, o que permite ver o chefe do japonês a comer ervilhas com chouriço da Petiscaria ou a senhora dos ovos-moles ir comprar maçãs para a sobremesa na banca da fruta de Raquel Mata, noutra demonstração de sinergia entre o antigo e o novo mercado. Quanto a Raquel, hoje não vai jantar no mercado mas garante que já provou quase tudo, hoje almoçou no americano Joe Shack’s e diz que se recomenda.
Horário: de domingo a quarta-feira das 10h00 às 23h. De quinta-feira a sábado das 10h00 à uma da manhã.