É no cabo de S. Vicente, com os seus 60 metros de altura e 100 metros de comprimento, que se atinge o extremo Sudoeste de Portugal e da Europa. Este é um local com uma mística milenar, que os romanos apelidaram de Lugum Cineticum, o lugar onde o sol era cem vezes maior fazendo ferver o mar. Outros acreditavam que ali era o sítio de repouso nocturno dos deuses, pelo que apenas podia ser frequentado durante o dia.
Separados por meia dúzia de quilómetros, a ponta de Sagres e o cabo de São Vicente abrem-se como dois dedos de uma mão e marcam a separação entre duas costas completamente diferentes. Para norte, fica a costa atlântica batida pelos ventos, enquanto para leste está a costa algarvia de águas mais quentes e mar suave. Ainda hoje, boa parte da navegação comercial entre o Mediterrâneo e o Atlântico passa ao largo deste cabo, o que permite imaginar a riqueza arqueológica destes fundos.
Conta a lenda que o corpo de São Vicente foi transportado no século IV para uma ermida erigida neste lugar remoto, mas a igreja viria a ser destruída pelos almorávidas no século XII. Mais tarde, nos reinados de D. João III e D. Sebastião, foi aqui erguida uma fortaleza, que viria a ser destruída pelo corsário inglês Francis Drake e refeita em 1606. Já no século XIX foi instalado um farol que continua a iluminar esta parte da costa portuguesa. (Imóvel de Interesse Público).