A ilha de S. Miguel possui, junto à sua costa norte, as duas únicas plantações de chá da Europa para fins industriais. A Fábrica de Chá Porto Formoso é uma delas, aliando à componente de produção uma outra, virada para a preservação das memórias do fabrico do chá desde os seus primeiros passos nas ilhas açorianas, no último quartel do século XIX. Trata-se do espaço museológico, no qual são proporcionadas visitas guiadas a qualquer hora do dia, dentro do horário de funcionamento. De seguida, os visitantes são convidados a provar os chás na belíssima sala a reconstituir uma cozinha típica micaelense, ou então na esplanada com uma vista magnífica sobre as plantações de chá e a vila de Porto Formoso. Todos os anos, na primavera, aqui se recria apanha do chá com trajes típicos da moda antiga.
Acessos: Estrada Regional nº 24Património único
Se lhe dissermos que a costa norte da ilha de S. Miguel é o único sítio da Europa onde existem plantações de chá para fins industriais; se acrescentarmos que, em todo o mundo, o único sítio onde se produz chá a norte de S. Miguel é a Geórgia, isto já lhe deve dar uma pequena ideia da importância do que aqui temos para lhe mostrar. E, ao que parece, a produção oriunda desse país do Cáucaso, para consumo doméstico, nem sequer tem grande qualidade, mas isso já são contas doutro rosário.
A chegada à Fábrica de Chá de Porto Formoso faz-se pela Estrada Regional nº 24, ao longo da qual vamos podendo apreciar a riqueza da vegetação desta parte da ilha, sempre com o mar como enquadramento. Da entrada podemos apreciar o declive no qual se inscrevem as construções que albergam o museu e a fábrica, com uma vista particularmente agradável sobre as plantações de chá, em primeiro plano, e a bonita enseada de Porto Formoso, em segundo.
Convidados de honra
Rapidamente somos recebidos por um guia, que nos convida a assistir a um vídeo de introdução à visita. Qualquer pessoa que chegue aqui, dentro do horário de funcionamento, recebe a mesma atenção.
Durante a exibição, aprendemos que a transformação industrial do chá teve início nos Açores em 1878, e foi ensinada aos locais por dois chineses, convidados pela Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense precisamente para esse efeito. Das várias fábricas que chegaram a existir, a Gorreana era, até há pouco tempo, a única resistente. Até que, em 1998, os actuais proprietários da Fábrica de Chá de Porto Formoso iniciaram a recuperação deste complexo.
Depois da passagem pela sala-museu, onde podemos ver alguns utensílios e peças de vestuário associados aos primórdios deste cultivo, entramos na fábrica propriamente dita. O aroma é, desde logo, convidativo: cheira a ervas frescas, a campo, a orvalho matinal.