Ainda a longa Idade Média era uma criança e as batalhas pelo território português se sucediam quando, em 1212, el rei d. Afonso II, tendo regressado vitorioso da Batalha de Navas de Tolosa (Espanha), se instalou, juntamente com a sua comitiva, nas imediações da estrada romana que unia Viseu a Seia. Estas terras ficaram conhecidas então por “Onde o rei assentou arraiais”, derivando mais tarde para Assantar, actual Santar.
Seu filho Sancho II coutou a Quinta do Casal Bom, hoje chamada Casa de Santar, doando-a a um dos bravos e heróicos homens que se destacaram na batalha. A casa mantém-se na família há 13 gerações consecutivas, embora a actual edificação seja de 1678 e século seguinte. Relato de uma viagem no tempo...
Imponência secular
Apresentados à História sigamos então para a visita ao imponente solar cujo conjunto adquire a forma de um L. Quem lá vive é D. Tereza de Lencastre de Mello, condessa de Santar e por essa razão apenas se tem acesso a algumas partes da habitação.
O percurso iniciou-se pela cozinha velha, datada de 1690. A colecção de panelas de cobre, entre outros objectos antigos, não passa despercebida. O verdadeiro ex-líbris é, no entanto, a fonte natural em granito dedicada a Santo António, essa sim, uma raridade.
Seguiu-se a sala dos coches com a colecção de carruagens da família a arrancar alguns “ah” de espanto. Cada carro correspondia a uma ocasião. Não nos foi possível, no entanto, ver a capela onde são feitas as cerimónias da família. Pode ser que o leitor tenha mais sorte... Sabemos, ainda assim, que o templo possui frescos nos tectos e quadros dos três bispos que em tempos pertenceram à família.
A visita aos espaços exteriores é acompanhada pela Estrela e pelo Caramulo, dois cachorros de raça Serra da Estrela que conhecem de cor os cantos deste jardim de buxo projectado em patamares e adornado por estátuas ao gosto clássico.
Seguimo-los, sem nos perdermos, até desembocarmos na horta com muito boa vizinhança: o secular lago verde coberto de nenúfares e a moderna piscina azul. Zona húmida por excelência, não poderia ficar de fora desta contagem o monumental chafariz dos cavalos com uma pedra de armas ao centro datada de 1790. O nome do chafariz veio de um painel de azulejos onde se destacavam as figuras de quatro cavaleiros e ainda a representação heráldica dos antigos senhores de Santar.
A verdade do vinho
Importante centro vinhateiro do Dão, uma vez em Santar é imperioso conhecer as adegas. O percurso segue então pelas salas de fermentação e de estágio onde coabitam cubas de inox e barricas de carvalho francês. Para os apreciadores de vinho, este é um dos pontos altos da visita.