Inaugurado em julho de 2013 na Ribeira do Porto, o Bacalhau, Portuguese Wine&Food é restaurante e loja com produtos exclusivamente portugueses. À beira Douro, com uma envidraçada e uma pequena esplanada voltada para o rio, tem na ementa sugestões muito tentadoras.
Acessos: Muro dos Bacalhoeiros, através do Largo do Terreiro (Ribeira)O fiel amigo temperado pelo Douro
Numa rua estreita com vistas largas para o Douro, o Bacalhau Portuguese Wine & Food fica em plena Ribeira do Porto mas ainda é um segredo bem guardado, longe da confusão e dos clichés turísticos. Engana-se quem pensar que só tem pratos de bacalhau, porque não faltam outros petiscos bem portugueses e até uma loja de vinhos e artesanato. No pequeno Muro dos Bacalhoeiros cabe um rio e o país inteiro.
Para ver a Ribeira com olhos de ver não basta ir à Praça do Cubo, fotografar a ponte e olhar para as caves do outro lado do rio. É preciso correr ruas e ruelas, espreitar os becos e experimentar as últimas novidades. O Bacalhau preenche todos os requisitos: abriu há menos de cinco meses (julho de 2013) e fica ao fundo de uma das mais discretas e apertadas ruas do bairro, o Muro dos Bacalhoeiros.
Com uma morada destas a casa não podia ter outro nome mas logo à entrada se prova que há mais vida pala lá do fiel amigo. Escrita na fachada em duas placas de ardósia, a ementa do dia revela pratos para todos os gostos (do peixe à carne, passando pelos petiscos) que prometem dar a provar o melhor da gastronomia portuguesa.
Mas já lá iremos porque antes vamos marcar lugar numas das cinco (disputadas) mesas junto ao muro. E percebe-se porquê: afinal de contas, quem não há de querer um cenários daqueles, com o Douro ali ao lado e a serra do Pilar em pano de fundo?
Os restaurantes não se medem aos palmos
No interior do Bacalhau as vistas não são as mesmas mas o rio ainda espreita e o ambiente torna-se mais intimista, sobretudo graças à pequena e acolhedora sala de refeições do piso térreo. Aqui, cinco ou seis mesas disputam o reduzido espaço com a garrafeira e a loja de artesanato por isso a decoração é composta pelos inúmeros produtos à venda, desde cerâmicas e compotas a mel e garrafas de vinho ou cerveja artesanal.
Se a maioria das mesas está separada por um pequeno corredor, há uma (à janela) literalmente cercada por artesanato que promete fazer as delícias dos turistas estrangeiros. Estes são ainda a maioria dos clientes, mas é tudo uma questão de tempo até os portugueses descobrirem que a casa não é só para inglês ver (e provar). Aqui serve-se autêntica gastronomia portuguesa.
Descendo uma escadaria curva chegamos à cave, onde fica outra sala (com menos luz natural mas ideal para refeições de grupos) e a cozinha, coordenada por Guilherme Cunha, sob aconselhamento do chefe João Pupo Lameiras (Casa de Pasto da Palmeira) que criou os pratos e trabalha como consultor para o Bacalhau. Sem mais demoras vamos, então, coloca-los à prova.
Do Bacalhau, do Mar ou da Terra?
Mais do que uma inspiração, os produtos e pratos portugueses são o denominador comum de toda a ementa. A começar pelas entradas e petiscos, onde saltam à vista o queijinho de vaca gratinado com mel e pinhões e a bolinha de alheira com compota de pimento.
Já os pratos mais substanciais estão divididos em três áreas: Do Bacalhau, servido em forma de lombo confitado, em naco (fresco) ou em arroz de bochechas; Do Mar, caso da açorda de camarão ou do arroz malandro de polvo; e Da Terra, como as favinhas com chouriço e ovo, o arrozinho de tomate com peixinhos da horta ou a bochecha de porco ibérico com puré de batata-doce e chalotas assadas.
No final da refeição vale a pena guardar um cantinho do estômago para as sobremesas, onde saltam à vista a mousse de três chocolates ou os scones à portuguesa. E já agora também há de vir a calhar um cálice de Porto com vistas diretas para as caves de Gaia.
Um brinde ao Bacalhau
Surpreendente (pela positiva) é o protagonismo oferecido aos vinhos, presentes numa equilibrada carta com quase 150 referências, todas elas nacionais. Destas, cerca de 40 podem ser servidas a copo, com preços que variam entre os 3€ do Mateus Rosé Original (sempre procurado pelos estrangeiros) aos 7,5€ do transmontado Quinta de Arcosso Reserva. Além disso, há ainda a possibilidade de comprar o vinho na loja (com apenas 13% de IVA) e pagar apenas a taxa de rolha, com o valor de 6€.
Sobretudo para quem opta pela primeira opção a conta não costuma exceder os 20€ (já com entrada, prato principal, sobremesa e vinho), o que não deixa de ser um bom preço tendo em conta a localização, a gastronomia e o conceito da casa. E se os restaurantes fossem classificados como o bacalhau (não pelo tamanho mas pela qualidade) este não seria corrente ou tão pouco crescido mas certamente graúdo ou especial.