Terra Mãe delicatessen

O pecado mora quase ao lado.

Fica ali a dois passos da Sé de Braga e, no entanto, não se coíbe de tentar quem passa com sabores e aromas de fazer perder a cabeça ao mais espartano dos transeuntes. Vamos só espreitar?

Requintes de malvadez

Pois, como se quem entra conseguisse sair de mãos a abanar. Bem, mas se for só um frasco de doce, para provar, e um chá, para oferecer, se calhar nem conta como gula... E, de qualquer forma, perdoa-se o mal que, eventualmente, faça (à alma e à linha) pelo bem, certamente, saberá.

Situada na rua D. Frei Caetano Brandão, uma das mais antigas de Braga, a loja gourmet Terra Mãe convida os seus clientes a experimentarem uma autêntica paragem do tempo, enquanto percorrem os seus cinco andares cobertos de madeira e polvilhados com sabores de diversas origens.

De ontem e de amanhã

É em lugares como este que nos apercebemos de como o gosto pelos prazeres da boa mesa atravessa todas as épocas. Aqui, por exemplo, salta à vista pela convivência, lado a lado, de duas marcas de qualidade indiscutível e, no entanto, com um intervalo de século e meio entre os seus nascimentos.

A Hediard dispensa apresentações. As suas latas vermelhas de cafés e chás são uma das imagens que mais depressa associamos a estes fabricantes franceses, responsáveis, desde meados do século XIX, pela descoberta e divulgação de produtos exóticos junto das civilizações ocidentais. Para além, então, dos referidos chás e cafés, numa imensa variedade, comercializam também especiarias e condimentos, chocolates, compotas, biscoitos, vinhos, caviar e salmão, tudo com elevado requinte e qualidade.

Já Enric Rovira é capaz de ser um nome pouco ouvido entre nós, mas de certeza que não faltará muito para este designer de chocolates de Barcelona granjear junto dos portugueses a fama que já possui em Espanha. Os cinco continentes ou os planetas do sistema solar são alguns dos motes para as suas pequenas obras de arte. Aromatizado com café do Quénia, amêndoas, avelãs, sal e pimenta, chá preto, laranja, aguardente de pêra, entre outros perfumes, o chocolate de leite, branco ou preto sai das suas mãos de xocolater transformado em peças estilizadas e, até, decorativas, assumindo-se como um presente de muito bom gosto – em todos os sentidos da expressão.

Ana Marta Ramos 2005-02-01

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