Chama-se Ogyen Kunzang Chöling, mas toda a gente conhece esta escola de budismo, como os Tibetanos da rua do Salitre, muito por culpa do seu restaurante. Só que aqui também se reza. Sem kimonos, batinas de Matrix ou burkas para as senhoras. Podes ir de jeans ou fato e gravata para rezar neste templo. As práticas budistas começam logo de manhã cedo, por volta das 7:15h, e são orientadas por um monge que durante uma hora vai entoando cânticos em tibetano. Ninguém entende nada, mas não faz mal pois o momento vale pela espiritualidade em si. Tal como na mesquita, é obrigatório descalçares-te antes de entrar, embora os pés não se lavem.
A sala do templo assemelha-se a um pequeno dojo, com um altar repleto de ícones budistas, um discreto pau de incenso que arde tranquilamente e almofadas vermelhas onde os praticantes apoiam os joelhos. Tudo repousa sob um impecável soalho de madeira polida. Lá dentro não cabem mais de 25 pessoas bem apertadinhas, contudo a porta está sempre aberta a quem quiser entrar. Ao contrário do que seria de supor, não precisas professar a religião budista para frequentar esta escola. Aliás, como explica Manuela, uma das funcionárias, “A maioria das pessoas são católicas e até há agnósticas”. Para quem dispensa as práticas, a opção pode passar pela aulas de meditação ou de ioga. As primeiras são adequadas para quem anda à procura do shinê, ou seja, a calma mental em tibetano, claro está. Esta é uma forma alternativa para dar tréguas aos problemas que nos podem tirar o sono. Através de exercícios respiratórios combinados com alguns movimentos, torna-se possível focalizar o espírito num só ponto, segundo esta mesma filosofia. Se não resultar, a ioga também serve para relaxar, embora procure harmonizar as energias corporais. Nada melhor que mente sã e corpo são. Se tiveres interesse em saber mais, basta passar na recepção onde se vendem produtos naturais, livros, rosários, paus de incenso e chás, tudo made in Tibete, tal e qual como as receitas do magnífico restaurante vegetariano do rés-do-chão. Há batidos, sobremesas e deliciosos pratos tibetanos, todos vegetarianos. As cadeiras e mesas de madeira são muito pequeninas, o que lhes dá um ar acolhedor e simpático. E durante o Verão, é muito agradável comer no pátio. Por toda a escola é fácil descortinares nas paredes fotos de mosteiros no Tibete ou do Dalai Lama, mas lamentavelmente não vimos nenhuma do Richard Gere, defensor acérrimo da causa budista. Curiosamente esta filosofia de vida nasceu há 2500 anos na Índia mas foi no Tibete que proliferou até à década de 50, altura em que aquele país foi invadido pela China. O Dalai Lama, ainda muito jovem, consegui fugir e desde então tem-se dedicado a espalhar pelo mundo inteiro a mais tolerante de todas as religiões.
N´Dalo Rocha 2003-07-01