São pizzas, riquinhos, são pizzas

São uma joia de moças, não desfazendo. Conheça esta semana o blogue 2 Belos Nacos (aliás, Zeza e Tina) em estreia no Lifecooler. Elas discorrem sobre a pizza perfeita. Sem meias palavras e com muito apetite, que isto são moças de alimento.

Por Zeza

Gosto de pizzas, pronto já disse. Bem sei que com o número de calças que visto não devia sequer aproximar-me delas – às vezes acho que engordo só com o cheiro da mozarella – mas não podia estar-me mais nas tintas para isso.
Gosto de pizzas, já disse, mas não gosto de todas. Nem gosto sempre. Não me convidem para pizzas de fast food, daquelas que se telefona a encomendar e que oferecem mais 350 items na compra de uma pizza familiar e que deixam panfletos a entupir as caixas do correio. Isso não são pizzas, riquinhos, são um atentado à saúde e ao bom gosto. Um pouco como o vestido feito de bifes da Lady Gaga.
A pizza quer-se baixinha e estaladiça, quente, acabada de sair do forno para que o queijo derretido forme fios quando separado da fatia. A pizza quer-se simples, com poucos ingredientes – cheguem para lá esse ananás, por favor, que raio de ideia veio a ser essa?
Uma pizza a sério, daquelas que valem mesmo a pena, precisa apenas de queijo e de uma proteína que pode ser presunto ou mortadela italiana. Às vezes também pode levar cogumelos mas só se forem frescos. Precisa de tomate, talvez manjericão. Rúcula não, para isso como uma salada. Uma pizza a sério, infelizmente, é muito difícil de encontrar.

Por Tina

A pizza é o pão com manteiga dos italianos. Simples por fora, complexa por dentro, deliciosa a toda a volta. Um número de alquimia que vem com uma advertência prévia: não tentem isto em casa. A sério.
Tal como o número máquinas de pão vendidas nos últimos anos - e também aquele rapaz encontrado emaranhado numas cordas e a gargarejar na fonte da rotunda do Oeiras Parque - poderão indicar, ninguém respeita estes avisos.
A coisa parece simples. Massa de pizza, molho de tomate, queijo mozzarela. Com uma folhinha de manjericão passa a chamar-se Margarita. Com outras coisa por cima, ganha outros apelidos. Nem eu resisti a prevaricar. E não correu muito bem.
A primeira vez que tentei fazer concorrência ao Alfredo, que, dizia ele, tinha passado uma temporada em Itália, foi em 1987. As notas ainda vinham com o Pessoa e o Camões mas nem por isso havia mais poesia nos salários. Acabado de abrir o hiper na Amadora, o Xano contou-me que na secção do pão vendiam massa por cozer ao peso. Era só comprar e montar.
Aquilo foi uma loucura no prédio, a começar lá por casa. O meu irmão passou a fazer o seu famoso “entope veias”: chouriço, paio, carne picada, bacon e torresmos - sobre base de tomate e queijo (ele hoje está muito bem empregado numa grande cadeia de comida rápida). Para a minha mãe, os 250 gramas de massa húmida transformaram-se naquilo que os cães são para algumas pessoas: um come restos. Do frango assado ao bacalhau à braz. Mas o momento em que percebi que se calhar esta nossa relação com a pizza estava a ganhar contornos demasiado intensos foi quando a minha avó me convidou para descer ao rés-do-chão e ir lá a casa comer uma pizza de sardinha. Adorava a minha avó.
Ainda mais do que uma companhia para a vida, e não exactamente onde desejamos, a pizza é também um ícone minimalista. Menos é mais. Mas só por fora. Lá por dentro, estão anos de sabedoria, de experiência, de gente com muitas dores de barriga, porque lá para o fim a massa crua do hiper afinal não era massa de pizza mas uma mistela que a Sandra preparava a pensar no Xano, que a tinha encornado (comigo) no parque de estacionamento.
O segredo está na massa, fininha, eu apostaria num molho de tomate gostoso e em pouco mais. Pouco e bom. Lembrem-se, meus amores, é pão com manteiga, não Planta com Panrico.


Em resumo

É difícil encontrar a pizza perfeita em Lisboa: fina, estaladiça e com poucos ingredientes. Mas nós conseguimos, depois de alguns quilos a mais. São estas, por ordem de preferência:


La Focacceria Pugliese

Pizzaria Casanova

Pizzaria Lisboa

Mercantina

 

Zeza e Tina, Dois Belos Nacos
Crítica gastronómica, com um pé na cozinha. Zeza e Tina sempre gostaram de comer e de (tentar) estar na moda e por isso ficaram felizes quando gostar de comer passou a estar na moda. Depois, foram a um restaurante da moda e sentiram-se tristes. Havia caramelizações e ardósias, e até pessoas das que aparecem nas revistas, mas não havia muito sabor nem pratinhos daqueles com o nome do restaurante. Inspiradas naquele senhor da Amadora que dizia que o que faltava neste país era repor a verdade dos factos, Zeza e Tina resolveram usar todos os conhecimentos acumulados numa anca tamanho 42 e escrever - mesmo que para isso tivessem de comer muito.
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2015-10-22

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