De Granada, faltam pouco mais de trinta quilómetros para chegar a Serra Nevada. A partir daqui o caminho é a subir. Ao fundo começa-se a ver uma enorme montanha coberta por um manto branco de neve – isto quando a neve já é alguma, claro. Nessa altura a ânsia de chegar é cada vez maior. A estrada é perigosa, com curvas apertadas, algumas delas a 180º. Para além disso, às vezes apanha-se algum gelo na estrada, o que dificulta a tarefa. O melhor é avançar com cuidado. O frio vai sendo cada vez mais forte à medida que se sobe. Pouco mais de meia hora depois, chega-se finalmente à Serra Nevada. Com sorte já o termómetro indica temperaturas negativas. Promessa de neve.
Preparativos para um dia em grande
A partir daqui todos os caminhos vão dar à Plaza” Pradollano”, mais ou menos 500 metros à frente. Chegou-se finalmente ao centro desta estância de ski.
O ambiente é tipicamente de montanha, e a praça está bem bonita. A neve cobre os passeios por completo. As casas, na sua maioria lojas e hotéis, iluminadas pelos candeeiros de rua, são quase todas de madeira. Centenas de pessoas, passeiam-se transportando às costas, com uma ar de sofrimento satisfeito, os skis.
É aí que se deve parar o carro. Na verdade, arranjar um lugar por aqui pode ser uma verdadeira aventura.
O hotel escolhido para se instalar é o Meliá Sierra Nevada de quatro estrelas. É o melhor da estância e, para além disso, está localizado a poucos metros das cadeiras que transportam as pessoas para as pistas. O que na Neve é importantíssimo.
Devidamente instalados, e melhor agasalhados, de preferência com cachecol e luvas, é altura de regressar novamente à Plazza Pradollano e ocupar o resto do dia.
Começa-se por alugar o material necessário para praticar a modalidade. Desde os skis às botas passando pelos battons. Existe ainda a opção do Snowboard, para os mais radicais.
Pode-se aproveitar também para passear um pouco mais pela praça para conhecer melhor o ambiente de Serra Nevada. Durante o percurso não será nada difícil encontrar portugueses dispostos a ajudar no que for necessário. Por exemplo na forma de adquirir os forfaits, um género de passe que dá acesso ao meios mecânicos da estância.
Primeiras quedas
Depois, o melhor é regressar ao hotel e descansar. É que o dia seguinte promete começar bem cedo. Ainda antes das nove da manhã, hora em que se começa a subir para as pistas para fazer ski.
Para quem nunca experimentou, o melhor é inscrever-se numas aulas com um professor. Mesmo assim, não julgue que é por isso que evita algumas aparatosas e divertidas quedas. Acontece a todos. Nesse caso resta pedir ajuda a alguém para se levantar, sim porque não é nada fácil fazê-lo sozinho, e continuar a praticar. Diz quem percebe do assunto que só assim, com muitas quedas e prática, se consegue aprender. Por isso, tentar fazer sozinho, ou com um grupo de amigos, também pode ser uma boa opção. Mas é necessário ter algum cuidado, e algum treino anterior. E, muito importante, tentar não entrar sem querer numa pista encarnada ou preta, as mais difíceis. O resultado pode ser desastroso. Nos primeiros dias o melhor é ficar-se pelas verdes e algumas azuis, evitando assim maiores problemas que podem acabar no Centro de Saúde mais próximo, com uma cabeça partida. Mas nada que não se resolva.
E assim se passam os dias em Serra Nevada, com algumas paragens, claro, nos cafés das pistas, onde os esquiadores aproveitam para matar a fome e a sede.
As pistas encerram por volta das cinco da tarde. Hora em que todas as pessoas voltam a descer e se concentram de novo na Plaza Pradollano a beber chocolate quente ou imperiais até ao sol se pôr e o frio se tornar mais agreste.
Nuno Maia 2001-12-12