I - ABERTURA
Um longo horizonte
“De longe em longe, na alvura das casas dos monte ou no apinhado das aldeias, as margens escassas de uma presença humana que mal quebra o isolamento. O Alentejo é isto: seara, montado e uma solidão solene.”
Orlando Ribeiro,in Geografia de Portugal
No Verão, o Alentejo pinta-se de amarelo, seco, de palha. A cevada e o trigo sobem para o céu, mas não há chuva que sossegue o ardente calor. Este tenta escapar ao chão, e são ondas misteriosas de abafo que se vêem na distância. Tudo é obrigado à calma e ao silêncio, pois o movimento tritura. Só as cigarras cantam na fornalha.
No Inverno – quando o há – o Alentejo é uma paleta de verdes e castanhos. Terra, pasto, barro, longas lavras. Por vezes manchas negras tapam o azul plúmbeo do céu, e quando a chuva cai é numa carga. Arranca o solo e despeja-o no Guadiana. Quando pára, fica um longo horizonte ondulado de planícies. ++
II - ROTEIRO DE SABORES
Em matéria gastronómica o Alentejo é conhecido em todo o país como a terra da açorda, das migas, do ensopado e dos cheiros. Pão, água e ervas aromáticas - com os coentros e os poejos em lugar de eleição, mas onde também reinam a hortelã, os orégãos, o saramago, o alecrim, o louro – a que se juntam azeite ou gordura porcina, são os elementos fundamentais desta cozinha, cuja singularidade reside precisamente na sua sábia utilização em substituição de preparações complexas. “Paraíso das ervas frescas”, lhe chamou o geógrafo grego Estrabão nos remotos tempos do século I a.c.
Açordas, Migas e Sopas
Peixe
Carnes
Doçaria
Sabor a Festa
Autores: Maria Alexandre Lousada e Maria José Aurindo 2009-06-09