Eça de Queiroz nasceu na Póvoa do Varzim, estudou Direito em Coimbra e só aos 20 anos foi para Lisboa. Chegou a viver noutros locais, como Évora ou Leiria, mas foi a capital que mais marcou os seus livros e a sua vida. Vivia na casa dos pais, em pleno Rossio, exercia advocacia mas sobretudo escrevia e dedicava-se à vida boémia.
No seu círculo de amigos pontificavam personalidades como Antero de Quental, Oliveira Martins ou Guerra Junqueiro, um grupo que constituiu uma das mais célebres gerações literárias de Portugal – a Geração de 70. O centro nevrálgico deste quotidiano boémio e literário era o Bairro Alto. Do Rossio ao Chiado, passando por Alfama, Castelo e Mouraria. “O dever de um cidadão era subir e descer duas ou três vezes o Chiado”.
- A Pastelaria Serafina, na Rua da Escola Politécnica, era um poiso habitual para um café acompanhado de um pastel de nata. Actualmente, a pastelaria chama-se Cister, mas ainda alberga uma imagem do mais famoso cliente numa das paredes.
- No Miradouro de São Pedro de Alcantara era possível encontrar Eça de Queiroz à conversa com Antero de Quental e Batalha Reis que moravam ali perto, no Cenáculo, o nome que o grupo tinha dado à casa dos dois escritores, situada inicialmente na Travessa do Guarda-Mor, hoje Rua do Grémio Lusitano, e mais tarde na Rua de S. Pedro de Alcântara.
- Rua da Misericórdia. Era aqui, na então Rua Larga de São Roque, que Eça comprava o papel almaço em que gostava de escrever. Depois talvez fosse ao Caffé Tavares (hoje restaurante) ter com os amigos, ou então ao teatro ali em frente no Trindade. Ali perto, na Rua Nova da Trindade, ficava também o Teatro do Ginásio, outro local frequentado por Eça. Ardeu em 1921.
- No Largo Rafael Bordalo Pinheiro, então chamado de Largo da Abegoaria, ficava o célebre Casino, hoje Edifício Garrett, onde decorreram as polémicas conferências democráticas que pretendiam motivar a transformação política e social do país. Foi ali que Eça fez a conferência A Afirmação do Realismo como Nova Expressão da Arte.
- Casa Havanesa. Em pleno Largo do Chiado ficava aquele que era o mais importante ponto de encontro de políticos, actores, escritores e desocupados. A casa Havanesa vendia charutos e cigarros mas era sobretudo um local para se ficar bem informado. Ainda existe, embora com um espaço mais reduzido.
Bárbara Bettencourt 2009-11-25