Pergunte pelo Palácio Sotto-Mayor e encontra, poucos metros adiante, a Quinta de Santa Catarina.
Casa de família
Por entre a vegetação da quinta mais antiga da Figueira da Foz encontra-se uma casa branca de dois andares e portas abertas. António Maia encontrou aqui o lugar ideal para colocar a sua vasta experiência profissional, em Portugal e no estrangeiro, ao serviço da boa mesa. Ao seu lado tem a sua mulher, Paula Lobo, com formação na área e um dedinho especial para as sobremesas.
Fomos conhecer este restaurante num dia de semana, ao almoço. Encontrámos uma sala ampla e decorada com requinte: tecidos ricos a cobrir as mesas, quadros contemporâneos a evocar tradições antigas e um especial destaque dado aos vinhos, quer seja pelas garrafas expostas ou pelos acessórios exibidos em móveis de estilo. A lareira em pedra, do lado esquerdo, e as janelas sucessivas com vista para a quinta, do lado direito, completam a "decoração".
As mesas já se encontram preparadas para receber os clientes, muitas delas com pormenores distintos entre si. Foi por esta altura que começámos a perceber o espírito da casa.
Os clientes do Santa Catarina são, na sua maioria, caras já bem conhecidas dos proprietários, que fazem questão de fazer reserva para evitar surpresas – ou então cuja rotina escrupulosa já permite a dispensa dessa formalidade. A cautela revela-se frutífera, pois ao chegar ao restaurante poderão sentar-se na sua mesa preferida e ir saboreando as entradas de sua predilecção enquanto aguardam que lhes seja servido o prato principal (cuja escolha, muitas das vezes, preferem deixar ao critério dos anfitriões).
Os pães de diversos tipos, o queijo e as azeitonas, o tomate com queijo fresco e molho pesto, o paté de atum e uma pequena chamuça de gosto suave entretêm-nos enquanto escolhemos o vinho. Ficamos a saber que qualquer dos nomes constantes na carta poderá ser servido a copo (e em cálice grande, para nossa satisfação). Caso o leitor duvide da generalização, reforçamos: todo e qualquer vinho pode ser degustado a copo, desde os “Quinta do Portal” (Douro DOP), a marca de referência da casa, ao Barca Velha 1995. Claro que, no que toca a este último, se for aberta uma garrafa na sala certamente que sairá dali vazia, pois não há quem perca a oportunidade de saboreá-lo.
Liberdade de escolha
Salientamos, no entanto, a sensatez dos preços. António Maia defende que a qualidade de uma refeição está estreitamente ligada à qualidade do vinho que a acompanha, e esforça-se no sentido de proporcionar aos seus clientes o mais amplo leque de escolhas possível. Daí que os “Quinta do Portal” vão dos dez aos oitenta euros, um “Quinta do Carmo” branco custe treze euros e cinquenta cêntimos e o mítico “Barca Velha” esteja “cotado” a cento e doze euros. Preços abaixo da média, o que é de saudar.
Ana Marta Ramos 2006-05-24