Restaurante Pano de Boca – Lisboa

Cozinha alemã sobe ao palco no Teatro Aberto.

Detlef Fischer é alemão de nascimento mas quem fala com ele entende-lhe primeiro o sotaque brasileiro. Aprendeu a língua de Camões no lado de lá do Atlântico, no pais irmão, onde viveu 10 anos. Cansou-se dos negócios da noite e veio para Portugal para fazer nascer e ver crescer o restaurante alemão da Expo’98. O sucesso espreitou-lhe e a experiência mostrou-lhe que aqui é que era. Ainda passou pelo restaurante do Göethe Institut em Lisboa e à terceira, que é agora, pode ser que seja de vez, no recém aberto (8 de Fevereiro) restaurante alemão do Teatro Aberto.

Faltava quem pusesse, literalmente, as mãos na massa. Para tal contratou quem destes assuntos percebe, o alemão Walter Kilguss, mestre de cozinha (mestre e não chefe porque possui mestrado). Sendo a gastronomia o motivo porque tanto viajou, o seu curriculum vitae conta as passagens por pontos bastante remotos do globo. Japão, China, Tailândia e México são alguns bons exemplos. Bem mais perto, em Sevilha, em Lisboa e em Hanoover esteve presente nas exposições internacionais onde coordenou equipa.

A história destes dois homens cruza-se com a do Teatro Aberto por uma razão simples. Nesta casa da representação o gosto pela dramaturgia alemã é publico e declarado. Por isso neste restaurante sente-se o respirar do teatro, a começar pelo Pano de Boca, analogia para com o guardanapo, embora este seja o nome dado à cortina que separa o palco do público. Algo está prestes a acontecer, é a sensação com que se fica por culpa da luz projectada sobre a grossa cortina.

Fotografias ampliadas de peças representadas na casa fazem de quadros e decoram paredes. Um terceiro elemento de decoração, o muito vidro que deixa entrar a luz de Lisboa, a zona da Praça de Espanha, o movimento da cidade...

Está na altura de se sentar. Cadeiras ergonómicas ajustam-se ao corpo embora à primeira vista até nem pareça. Uma casa assim já merecia guardanapos de pano, mas é por opção convicta que isso não acontece. Maior higiene, mais prático, disseram-nos. Na mesa, nada está à nossa espera. O couvert é aqui substituído por uma pequena entrada, “amuse guell” ou em português, o mimo do chefe. Todos os dias é surpresa, mas poderá ser qualquer coisa como uma mousse de salmão ou uma bola de carne pequena.

De mês a mês pretende-se mudar alguns pratos da carta que não tenham tanta saída e assim torná-la mais apelativa. Espere-se inclusivamente pelas semanas temáticas onde os espargos ou a caça são motivos para se falar da tradição gastronómica alemã.

As salsichas e a cerveja são um cliché da Alemanha mas não é só deste petisco que se enchem as páginas da ementa. A maioria das sugestões são de carne mas quando olhar para a ementa vai ficar verdadeiramente espantado pois encontra apenas uma sugestão fixa dos ditos enchidos, as salsichas de Nuremberga. Vêm acompanhadas com Choucroute ou Salada de Batata, Mostarda e Pão é um tipo de refeição mais rápida e ligeira.

Paula Oliveira Silva 2005-03-15

Receba as melhores oportunidades no seu e-mail
Registe-se agora