Restaurante O Barrigas – Golegã

Sabores que o tempo apurou

Quase a completar 20 anos de existência, esta casa ribatejana começou por ser um fenómeno no Entroncamento e mudou-se depois de armas e bagagens para a Golegã. Por lá manteve o acolhimento afável, mas aperfeiçoou a cozinha regional e acentuou a decoração rústica em jeito de homenagem à capital do cavalo. Venha daí descobrir este puro lusitano.

Durante longos anos o Barrigas foi um oásis gastronómico no Entroncamento. Talvez o único do concelho a servir pratos típicos e a evocar a mistura de influências gastronómicas que resultou da chegada de muitos alentejanos e beirões a estas paragens. A maioria, de origem humilde, foi trabalhar nos caminho-de-ferro e nas campanhas agrícolas por isso fazia as refeições ali mesmo, nos chamados "armazéns dos barrões”.

Foi um espaço destes que o restaurante tentou recriar durante os quase 15 anos que esteve na cidade, antes de mudar-se em 2008 para a vila vizinha da Golegã. A nova casa, situada à entrada da povoação (Largo 5 de Outubro) é bastante discreta e sóbria por fora mas no interior revela-se acolhedora, intimista e cheia de alma.

A primeira de três salas que compõem o restaurante divide-se entre o bar e uma loja de produtos regionais, com vários armários recuperados a servirem de montra a conservas, compotas, doces e vinhos. Quem preferir pode degustá-los ali mesmo, entre cartazes taurinos e livros antigos, enquanto lê a história da casa num quadro de ardósia junto ao balcão. Apenas um breve resumo, porque 20 anos de vida têm muito mais para contar.

Do FM estéreo ao calor da lareira

A sala de refeições, ampla e com mobiliário escuro, oferece dois espaços distintos. No primeiro salta imediatamente à vista uma valiosa coleção de rádios antigos, reunida durante várias décadas pelo proprietário da casa, Jorge Pereira. Alguns destes rádios foram oferecidos por amigos da casa, tal é a empatia que costuma surgir entre o dono e os clientes.

A meio caminho, o chão passa a ser em pedra à moda antiga, o teto de madeira e as paredes brancas revelam aqui e ali o velho reboco do edifício, conferindo um toque rústico ao espaço. E a ele junta-se o charme de uma lareira de canto que, nos dias mais frios, torna especialmente concorridas as mesas em redor.

Ali ao lado, num pátio interior envidraçado, fica a sala do bufete, famosa desde os tempos do Entroncamento pela sua fartura mas também porque (à época) era uma novidade em terras ribatejanas. Atualmente este serviço apenas está disponível ao fim de semana (jantar de sexta e sábado e domingo ao almoço e ao jantar) mas a qualidade mantém-se inalterável e a tradicional mesa de centro continua repleta de petiscos.

Nelson Jerónimo Rodrigues 2013-05-08

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