Em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês, descubra um restaurante instalado num belo edifício, em perfeita harmonia com a Natureza envolvente e a servir à base dos melhor produtos locais.
Quase que não se dá pela presença do edifício quando a caminho da aldeia de Brufe se procura o restaurante O Abocanhado. Uma placa discreta, mas de bom gosto, assinala a entrada por uma escadaria que nos obriga a encarar a paisagem. Em estado puro, estende-se a nossos pés o imenso vale do Rio Homem. Estamos em terras do Bouro, a 800 metros de altitude e à volta predomina a Serra Amarela e uma das paisagens características do Gêres. Na verdade, a vista funciona como um dos atractivos de uma casa apostada também em servir com qualidade. A arquitectura do edifício é outro factor que tem aliciado muitos curiosos, em especial arquitectos de máquina fotográfica a tiracolo. A atribuição da Medalha de Prata da Bienal de Miami Beach 2005 e a alta distinção da Architectural Review foram o primeiro reconhecimento da excelência do trabalho desenvolvido pelos arquitectos António Portugal e Manuel Reis. Primeiro porque o módulo ali criado de raiz teve como preocupação o respeito pela envolvente. Mas não só.
Elogio da descrição
Embutida no socalco, esta caixa rectangular é um exemplo de aproveitamento sustentável: a fachada é revestida a traves de madeira das linhas de caminho de ferro. De resto, só há espaço para o granito e a transparência do vidro, neste edifício de linhas rectas e muita subtileza no enquadramento harmonioso com a paisagem.
O cuidado em não desvirtuar a aldeia foi uma preocupação constante da dupla de arquitectos portuenses. O telhado está ao mesmo nível da cota da estrada e os materiais usados tiveram em conta as características de Brufe, uma povoação que tem mantido a sua traça original. A própria designação do restaurante foi beber inspiração ao glossário local: «abocanhado» significa uma aberta no tempo, um nome adequado para a forma do edifício.
Andreia Fernandes Silva 2008-09-17
