Restaurante Harlem - Lisboa

Soul na música, alma na gastronomia

Ray Charles, Duque Ellington ou Billie Holiday, ícones eternos da soul music, iriam sentir-se em casa neste bar-restaurante do Cais do Sodré. Inspirado no ambiente do sul dos Estados Unidos e no bairro mais negro de Nova Iorque – o Harlem -, junta o melhor dos ritmos, da cultura e, claro, da comida afro-americana, também conhecida por soul food. Daqui sai-se de alma (e barriga) cheia.

O Cais do Sodré ainda não estava na moda e já Carlos Lopes, Miguel Semedo e Miguel Borges (os fundadores do restaurante) tinham a certeza que seria o sítio certo para abrir um espaço dedicado à alma afro-americana. Multicultural e sempre aberto a novidades, o bairro lisboeta tem o seu quê (com as devidas distâncias) do Harlem nova-iorquino, reduto histórico da cultura negra que dá nome e inspiração a esta casa.

Encontrar o sítio certo para o projeto – um edifício pombalino no Largo Stephens junto à rua da Rosa – também foi simples, mas o mais difícil ainda estava para vir: a burocracia, as papeladas e os imprevistos. E assim, a data de inauguração foi-se arrastando durante quase ano e meio até que, em fevereiro de 2013, abriu finalmente portas.

Há males que vêm por bem, pensarão agora os três amigos porque durante esse tempo o Cais do Sodré deixou de ser visto como um bairro marginal e algo decadente para tornar-se no destino favorito de muitos lisboetas e visitantes. E agora ainda mais, graças ao Harlem, claro.

O Harlem, no Cais do Sodré

Como transformar um edifício lisboeta do século XVIII num espaço que faça lembrar os bares negros da Nova Iorque dos anos 60? O desafio colocado ao decorador Paulo Lobo apresentava-se bicudo mas quem entra no restaurante imagina-se, de facto, a fazer uma viagem no tempo e no espaço até ao outro lado do oceano.

Para lá dos tetos em abóbada tipicamente pombalinos, são vários os elementos decorativos que revelam a inspiração no “Harlem Renaissance”, período marcante da renovação cultural afro-americana que aconteceu no pós I Guerra Mundial. É o caso das caixas em madeira que revestem as paredes, do chão e mobiliário em tons escuros ou da iluminação escassa mas intimista.

Se a decoração faz lembrar o velho Harlem de forma mais ou menos subliminar, já a música não engana: do inevitável soul ao jazz e aos blues, passando pelo hip-hop e pelo funk, estão lá todos os ritmos que fizeram (e ainda fazem) a banda sonora da cultura afro-americana. Ottis Redding, Steve Wonder, Ray Charles, Billie Holiday ou James Brown são alguns dos “convidados” habituais dos djs da casa.

Nelson Jerónimo Rodrigues 2013-02-20

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