Restaurante Charneco - Estômbar

Sem escolha do freguês.

Estômbar é, no Barlavento algarvio, uma das terras mais bem conservadas e agradáveis de estar ou visitar. As casas típicas, sem perturbações urbanísticas, a predominância do branco na construção popular que contrasta com a imponência de antigas casas senhoriais, marcam a personalidade desta bela terra algarvia.

Onde, além do mais, a simpatia se conservou. Qualquer informação é dada com amabilidade e eficiência. Vai ser aqui, mesmo no centro, perto da igreja - e cuidado com o carro pois o estacionamento não é nada fácil - entre ruelas estreitas e inclinadas, que vai descobrir o Charneco.

O Charneco é um dos exemplos que vingaram por este Algarve e que segue a regra de servir uma ementa, que não é nem uma ementa, nem uma sucessão de pratos fixos. Pois, tirando algumas entradas, varia de acordo com a época do ano e o mercado do dia e a inspiração do cozinheiro.

Quer isto dizer que tanto pode encontrar como prato principal uma composição piscícola, como um belo cozido à portuguesa ou um esmerado prato à base de borrego, uma das especialidades mais reconhecidas deste restaurante. O preço é fixo, 20 euros por pessoa, onde está incluído o vinho, da casa, que não é nada de desprezar.

As mesas funcionam à moda da tasca antiga, corridas, em madeira, agora com toalhas de papel. O ambiente é rústico e animado, com o barulho inerente à boa disposição dos apreciadores típicos deste género de situação. E que são muitos e que aqui se deslocam, vindos dos mais variados locais do país.

Sucessão de especialidades algarvias

Arranjado o lugar, que convém ser reservado previamente, sobretudo ao jantar, resta aguardar que o responsável da casa lhe sirva um jantar diferente. Pode começar com umas gambas algarvias cozidas, azeitonas bem temperadas, provenientes do olival vizinho, a acompanhar com pão da zona, carapaus alimados com alho e azeite, um belo berbigão ao natural, aberto em azeite com um toque de alho e uma salada de polvo convencional.

Parece, e é de força, o conjunto de entrada. Mas há que se guardar para o prato, aqui de resistência «strictu sensu», que pode ser o caso de um cozido com o sabor marcante da hortelã, onde os feijões e a batata doce combinam com a qualidade dos enchidos e se complementam com um belo arroz solto.

Do sector doce, os representantes típicos D. Rodrigo, são de uma qualidade especial. E assim tudo se passa num ambiente divertido, descontraído, onde se come, não aquilo que se escolheu mas o que foi, e bem, escolhido.

Mafalda César Machado 2006-11-08

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