Restaurante Charcutaria

O Alentejo com vista para Lisboa

A meio caminho entre o Chiado e o Cais do Sodré fica um restaurante que faz lembrar a sofisticação de um e a tradição do outro, com passagem obrigatória pelas memórias e sabores alentejanos. Os preços é que vão mais para cima do que para baixo mas fazem jus a uma gastronomia genuína, tradicional e com provas dadas há quase 25 anos.

Era uma vez um americano, um espanhol e um português. O primeiro, chamado Harlem, é embaixador da soul food americana. O outro, Casa Galega de seu nome, inspira-se nos sabores espanhóis e o terceiro, para não ficar atrás dos vizinhos, trouxe o melhor da comida alentejana. Assim se conta a história recente da Rua do Alecrim e arredores, onde em menos de dois meses abriram três restaurantes de fazer água na boca.

O mais recente é o tal português de gema, fica no número 47 desta rua e foi batizado com o mesmo nome do irmão mais velho – Charcutaria -, inaugurado em 1989 no bairro de Campo de Ourique (e que por lá se mantém). A separá-los está quase um quarto de século mas o ADN é o mesmo, herdado do receituário de Manuel Martins, mestre cozinheiro nascido em Lisboa mas alentejano de coração… e de boca.

Começou a aprender os segredos da cozinha regional aos 17 anos quando foi estudar para Évora e por lá se imaginou a viver o resto da vida até que, três décadas depois, teve de escolher entre a cidade que o adotou e a que o viu nascer. Optou por voltar às origens para tomar conta da charcutaria que o pai tinha em Campo de Ourique desde 1947 mas a paixão pela comida alentejana era tal que decidiu transformá-la num restaurante. Em boa hora o fez porque rapidamente ganhou fama e proveito. E o mesmo promete acontecer agora com a nova Charcutaria.

Entre o Alecrim e as Flores

Depois de totalmente remodelado, este edifício pombalino na Rua do Alecrim deu origem a um espaço sóbrio e bem decorado, dividido em três salas principais, cada uma com alma própria. Na primeira fica o bar e meia dúzia de mesas altas que convidam ao petisco ou a uma refeição rápida. E logo aqui se percebe que a casa oferece o melhor de dois mundos: um mais castiço, graças ao balcão corrido em madeira e ao chão antigo, e outro mais sofisticado, atribuído pelos candeeiros com design moderno e pelo mural vietnamita. Tudo junto, resulta num ambiente informal, descontraído e cheio de personalidade.

Uma arcada em tijoleira marca a fronteira para a sala seguinte, que se estende ao longo de uma espécie de corredor. Toalhas brancas em linho sobre mesas clássicas, cadeiras em pele e um banco corrido almofadado enobrecem esta zona. Quem gostar de privacidade deverá pedir para ficar na última sala porque lá as mesas estão mais espaçadas.

Esta sala termina numa espécie de varanda que enche a sala de luz natural e oferece uma vista surpreendente para a Rua das Flores. De inverno, a vidraça está sempre fechada mas quando o calor aparecer transforma-se numa esplanada improvisada com requintes de exclusividade.

Nelson Jerónimo Rodrigues 2013-04-11

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