Apetece abusar do lugar-comum e fazer desta estação local de chegada. Almoços, jantares ou petiscos sem horas, importa é não ter pressa que uma ementa tão generosa merece todo o tempo do mundo.
É provável que os primeiros clientes fossem velhos conhecidos do Restaurante Marquês, de Porto Covo. Gente que mora nesta zona e todos os outros que se tornaram reincidentes, cativados pela qualidade principalmente do peixe e do marisco.
Aqui a excelente cozinha, além de se aventurar por receitas mais experimentais, está albergada num espaço muito bonito. Há até quem se sinta um pouco intimidado ao encontrar uma atmosfera tão diferente da cervejaria. Não é caso para tal, o serviço e o ambiente são cuidados, sim, mas não há lugar a formalidades constrangedoras. Nem combinava com um sítio onde se pode vir só pelo prazer dos petiscos, fora das horas das refeições.
Há muito que o proprietário do Marquês aspirava por um restaurante desta dimensão e finalmente em Fevereiro de 2009 viu-o concretizado. Mas Isménio Oliveira estava longe de antecipar a resolução da filha única, que trocou as voltas à carreira de enfermagem.
Ao tomar consciência de que se tratava do projecto de sonho do pai, Inês decidiu que tinha de estar ao seu lado. Abandonou a unidade de cuidados intensivos do Hospital de São José, em Lisboa, de que tanto gostava, e assumiu as rédeas do Cais da Estação.
Garantida a mesa – e recomenda-se a reserva a assegurar o lugar na sala pretendida – não é tarefa fácil escolher, numa ementa que tem tanto de extenso como de tentador. Mesmo que se imponha limites, como ficar pelas entradas, continua a ser um desafio e tanto.
Fica uma pequena amostra, passe a redundância: búzios, tiras de choco, lavagante, ovos de codorniz com linguiça, vieira gratinada, pimento recheado com atum ou sapateira… Seja qual for o pedido, vem sempre acompanhado de pão alentejano torrado, para garantir uma prova perfeita.
Alda Rocha 2009-09-23
