Restaurante Assinatura - Lisboa

A autêntica cozinha de autor

O chefe Henrique Mouro deixa uma marca indelével neste restaurante sóbrio e cosmopolita que promete dar a volta à gastronomia portuguesa, mas sempre com respeito pelos sabores tradicionais. Um cunho pessoal e (in)transmissível que tanto salta à vista numa original mesa junto à cozinha como no elegante salão principal.

Depois de uma década a aprender com os melhores, como Fausto Airoldi, Aimé Barroyer e Joaquim Figueiredo, o jovem Henrique Mouro (Chefe Cozinheiro do ano em 2001) decidiu que estava na hora de deixar a sua própria marca na gastronomia nacional.

Para trás ficaram experiências marcantes em casas de renome, como por exemplo o Valle Flor (Pestana Palace Hotel) ou o Club (Vila Franca de Xira), mas em boa hora o fez, porque rapidamente deixou de ser uma promessa emergente e a passou a marcar presença entre os consagrados, tal foi o sucesso do seu primeiro projeto pessoal, o Assinatura. E o nome do restaurante já diz tudo: aqui oferece-se uma cozinha na primeira pessoa com chancela de garantia.

Esta casa inaugurada em 2010 fica meio escondida entre o Rato e o Marquês de Pombal (Rua do Vale Pereiro nº19) mas bem que justifica umas voltas ao engano porque, lá dentro, a excelência da cozinha é tudo menos um acaso.

Da discrição à subversão

O espaço é sóbrio e sofisticado, e embora não seja propriamente pequeno (55 lugares) não deixa de ser intimista e acolhedor. Logo à chegada, no salão principal, salta à vista um imponente cadeeiro, mas também é impossível deixar de reparar no contraste entre os tons claros das paredes ou das mesas e o vermelho vivo da maioria das cadeiras e cadeirões.

Ao fundo, uma montagem de fotografias a sépia ocupa uma parede inteira e mostra alguns dos ex-líbris de Lisboa, como a sé, o Aqueduto das Águas Livres e o castelo. Já as outras paredes são pontuadas com várias pinturas modernas, oferecendo um toque de contemporaneidade a uma divisão algo clássica.

O elemento mais irreverente da decoração surge na escadaria que dá acesso ao andar de baixo: uma mesa colada no teto e virada ao contrário que, além de provocar um sorriso, também revela (ainda que de forma subliminar) o lado mais arrojado da casa. Mas isto ainda não é nada, porque a maior subversão é mesmo a gastronomia do chefe Henrique Mouro.

Nelson Jerónimo Rodrigues 2012-07-25

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