Reserva Natural das Dunas de São Jacinto

Entre a ria e o mar.

Entre a costa exposta do Atlântico e a grande Ria de Aveiro estende-se uma longa península. Uma parte é Reserva Natural, feita de praia, dunas e mata. Há ainda uma lagoa criada para refúgio de aves aquáticas que se enche de vida todos os anos, sobretudo no Inverno, quando nela se concentram centenas de patos selvagens. Porém, a vegetação nativa continua refém da sua maior ameaça: a invasão de espécies exóticas.

Ampla, luminosa, esbelta, a Ria de Aveiro impõe a sua presença a quem chega a S. Jacinto a partir da cidade, quer por barco ou pela estrada península fora. Ela é uma das maiores zonas húmidas da Península Ibérica, embora a sua configuração nem sempre coincidiu com a de hoje. Toda esta área fora já uma imensa baía, com o Atlântico a banhar directamente locais onde agora se erguem as cidades de Ovar, Estarreja e Aveiro. Foi com o desenvolvimento de duas longas penínsulas arenosas, entre os séculos X e XVII, orientadas de norte para sul e vice-versa, que tomou forma o desenho actual da Ria. Por culpa do efeito dos fortes ventos dominantes e das correntes marítimas, a deposição de areias ao longo do litoral chegou, por diversas vezes, a dificultar a comunicação da laguna com o mar. Ainda hoje é uma barra artificial, aberta desde o século XIX, que mantém esse contacto regenerador com as águas da Ria.

A Mata de S. Jacinto

Logo à entrada da Reserva, perto do respectivo centro de interpretação, mostra-se um vistoso arvoredo que se estende ao longo de quilómetros da península, entre a Ria e o mar. A história da Mata de S. Jacinto remonta ao período entre 1888 e 1929, quando foi plantada com o objectivo de se estabilizar as areias dunares em movimento. O percurso pedestre sinalizado pela Reserva percorrerá a sombra das suas árvores até às areias varridas pelo mar. Mas também será um confronto com um dos maiores problemas que afecta parte do litoral português.
À parte dos pinheiros-bravos (Pinus pinaster), as acácias (Acacia longifolia), oriundas da Austrália e utilizadas na arborização da mata, tornaram-se uma praga que colonizou vasta área da península litoral, impedindo o crescimento das espécies nativas. O chorão (Carpobrotus edulis) e a erva-das-Pampas (Cortaderia selloana), são outras espécies exóticas presentes. No entanto, resistem diversas bolsas de plantas autóctones.
Em zonas mais baixas, de acumulação de água, medram salgueiros (Salix sp.), amieiros (Alnus glutinosa), choupos-negros (Populus nigra), que emprestam o verde mais vivo das suas folhas em comparação ao verde seco dominante das acácias e pinheiros. E aos samoucos (Myrica faia) espalhados pela Reserva, e mais raramente, medronheiros (Arbutus unedo), juntam-se espécies arbustivas como tojos (Ulex europaeus), sargaços (Cistus salvifolius), sanganhos (Cistus psilosepalus), murtas (Myrtus communis), folhados (Viburnum tinus), rosmaninhos (Lavandula stoechas), gilbardeiras (Ruscus aculeatus), entre outras plantas nativas do litoral Centro.

David Travassos 2006-07-19

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