Quiosques de Refresco - Lisboa

A matar saudades desde 2009

São três, vieram para ficar e já não imaginamos a cidade sem eles. Os Quiosques de Refresco recuperaram memórias e trouxeram para o dia-a-dia dos lisboetas sabores bem portugueses.

Todos diferentes todos iguais, os quiosques da Praça Luís de Camões, do Jardim do Príncipe Real e da Praça das Flores vieram dar cor e personalidade a Lisboa. A ideia de Catarina Portas e João Regal de recuperar o conceito dos populares quiosques de refrescos dos séculos XIX e XX caiu que nem uma luva na capital e hoje os quiosques já fazem parte da paisagem urbana e social da cidade.

Desde o século XIX que estas construções estilo Arte Nova conquistaram a cidade. Cada um tinha a sua especialidade: flores, tabaco, jornais, gelados, café e refrescos. Importantes pontos de encontro, que com o passar do tempo foram perdendo importância e degradaram-se.

Em Abril de 2009 e após largos meses de recuperação, os quiosques reaparecem em força em Lisboa e de cara lavada. O Quiosque do Príncipe Real realçou o seu cor-de-rosa original, o das Flores foi forrado a mármore branco e ganhou uma cúpula beringela e o do Camões veio das Amoreiras e aterrou de grua no centro da cidade. Agora as suas esplanadas pululam de gente e convidam a um copo e dois dedos de conversa. Ninguém lhes fica indiferente.

O que é que se bebe aqui?

Licor Beirão, claro, mas não só. Também há a afamada ginjinha Espinheira, a Amarguinha algarvia e o tradicional vinho do Porto. Os quiosques apostam nas marcas portuguesas e oferecem uma selecção de bebidas frescas antigas, renovadas ou criadas. Recuperaram a orchata - um dos mais populares refrescos lisboetas do século XIX, eternizado na obra de Eça de Queiroz - feita com amêndoas e açúcar e deram a descobrir o encanto do leite perfumado (leite fervido com canela, limão, açúcar e servido gelado) com sabor a arroz doce.

Como as receitas centenárias de xaropes de groselha e capilé eram feitas com muito açúcar e à base de aromas artificiais, Catarina Portas e João Regal puseram mãos à obra e com a ajuda da Fábrica do Rebuçado, que fez renascer os deliciosos rebuçados de ovo de Portalegre, foram criados novos xaropes. O de capilé nasceu a partir de folha de avenca e essência de flor de laranjeira e o de groselha é mesmo feito com groselhas.

Outra grande vantagem destes quiosques, especialmente o do Camões, é a de suavizar as eternas esperas. Quem nunca esteve à espera de um amigo no Camões? Agora pode esperar sentado e com uma limonada fresquinha de Verão ou com um reconfortante vinho quente de Inverno a acompanhar.

Mara Cavém 2010-11-03

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