Depois de século e meio a servir de base agrícola a uma família com tradição na Golegã, este pátio abriu os portões aos visitantes para recebê-los de braços abertos em seis casas totalmente recuperadas. Apesar da nova vida, manteve o ambiente rural de sempre com trabalhadores, máquinas e animais a mostrarem como é um verdadeiro acento de lavoura ribatejano.
As origens do pátio perdem-se no tempo, mas foi à Avó Faustina que os atuais proprietários foram buscar inspiração para batizar este agroturismo. Homenagem justa a uma senhora que enviuvou aos 29 anos e, de um momento para o outro, viu-se obrigada a tomar conta não só dos quatro filhos, mas também das terras da família.
Hoje é o bisneto, José Henriques da Luz, que está à frente da casa agrícola, sediada no coração da Golegã. É ali que fica a habitação da família (independente dos alojamentos), os armazéns e as cavalariças - o chamado acento de lavoura - porque os terrenos agrícolas propriamente ditos ficam na lezíria, entre os rios Tejo e Almonda.
Os visitantes irão vivenciar na primeira pessoa a azáfama diária do pátio, desde a partida e chegada dos trabalhadores ao tratar dos animais e armazenamento de produtos. E é isso que torna este espaço singular e especial. Simples e despretensioso, mas genuinamente ribatejano.
Inspiração agrícola e taurina
Uma vez chegados ao Equuspolis não há nada que enganar. Este agroturismo fica mesmo em frente, numa casa cor-de-rosa que faz esquina entre duas ruas tranquilas. Visto da fora não parece grande, mas para lá do portão principal esconde-se um pátio enorme com muito espaço livre e vários edifícios. O primeiro é a casa da receção, escudada por quatro barricas de vinho e duas talhas de azeite, onde já nos espera um abafadinho de boas vindas.
Feito o check–in é tempo de conhecer o alojamento, situado a cerca de 100 metros dali numa correnteza de seis casas recuperadas que outrora serviram de palheiro e ovil. Cada uma tem o nome de um familiar da Avó Faustina (Peleiro Velho, Domingos, Francisca, etc.) mas a tipologia é exatamente igual em todas: no piso térreo está a sala com kitchenette e a casa de banho, enquanto o quarto fica num mezanino mais resguardado.
A arquitetura privilegia as linhas direitas e os tons claros (exceto na casa de banho onde há um mosaico de azulejos com várias cores) e a decoração mantém o ar sóbrio e discreto do espaço. Nas paredes, dois ou três quadros evocam a tradição taurina da Golegã, os monumentos da vila e as paisagens da lezíria, lembrando aos hóspedes que nas redondezas há muito para ver e fazer.
Páteo das recordações
Vá para fora cá dentro, também podia ser um dos lemas deste agroturismo porque é possível passar um dia inteiro sem sair do Pátio da Avó Faustina, sobretudo quem tiver crianças. Um dos locais preferidos dos mais novos são as cavalariças e o picadeiro, mas por muito que os miúdos peçam não é possível (por razões de segurança) montar os cavalos. Nesses casos, há várias parcerias com empresas devidamente licenciadas e seguradas.
A dois passos, encontramos uma zona de laranjal onde ovelhas e um pónei pastam à vontade. E se a timidez destes animais não dá azo a grandes festas já as laranjas estão à mão de semear para quem quiser provar uma. Aliás, é dali que vem o sumo natural servido todas as manhãs (nas casas) ao pequeno-almoço, juntamente com pão regional, bolos e compotas caseiras. Mas os mais famosos animais do pátio são mesmo dois cães, o Nobel e o Noki, que prometem acompanhá-lo onde quer que vá.
Os mais curiosos também vão gostar de conhecer as antigas máquinas que estão guardadas no pátio, como um locomóvel (utilizado para mover prensas, lagares ou máquinas agrícolas), uma tarara (para limpar os cereais), um semeador e prensa de fardos e duas galeras, veículos puxados por cavalos utilizados para fazer passeios pela vila.
Já para quem quiser conhecer a vila da Golegã e arredores, sugerimos um passeio de bicicleta pelas ruas da localidade e pela principal atração natural do concelho: A Reserva Natural do Paul do Boquilobo. Se aceitar o desafio, não se esqueça de pedalar de forma segura.
Páteo da Avó Faustina
Morada: Rua Carlos Mendes Gonçalves 15, 2150-204 Golegã
Tel.: 249 977 480
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