As portas da Pérola das Gáveas voltaram a abrir. A antiga mercearia do Bairro Alto mantém a imagem da loja antiga, mas aposta agora numa selecção de produtos gourmet. Os mais velhos habitantes do bairro aproximam-se da porta e espreitam a medo. É a curiosidade que os move, mais do que a necessidade ou a vontade de comprar. “Entre, entre...”, convidam Alexandre e Dora, os proprietários da renovada Pérola das Gáveas.
A loja do número 44 da Rua das Gáveas mantém o nome e a imagem da antiga mercearia, que ali abriu em 1960 e encerrou há alguns anos por morte do proprietário. As madeiras estão cobertas com o mesmo esmalte amarelo claro e o nome do espaço foi pintado com o vermelho e azul originais e no mesmo tipo de letra. Só os produtos nas prateleiras são diferentes.
Os risottos italianos e as águas glaciares dizem pouco aos vizinhos do bairro – são coisas para os mais novos que também por ali passam. Mas reconhecem os rótulos das conservas portuguesas e agrada-lhes a oferta de charcutaria, as compotas e sobretudo os chás.
A origem das misturas de folhas do chá vendido a peso na Pérola das Gáveas é um segredo da casa. O perfume que sai das enormes latas verdes metalizadas empilhadas no armário junto à porta convence até os mais cépticos a experimentar as misturas de chá vermelho com gengibre e limão, ou com amêndoas e coco, e até a arriscar o chá verde Marraquesh-menta.
As infusões têm-se revelado o mais transversal dos produtos, agradando a novos e velhos, endinheirados ou não, nacionais e turistas. “Acertámos em cheio no fornecedor”, revelam apenas Alexandre e Dora Ferreira, com um sorriso.
Projecto pessoal
A Pérola das Gáveas, que inaugurou a 6 de Dezembro, é um projecto antigo do casal. Alexandre, de 33 anos, chegou a trabalhar na indústria alimentar e tinha o bichinho de abrir um negócio próprio, talvez porque o pai tem uma drogaria.
Dora, de 30, que é bancária e mantém o seu posto de trabalho, também é filha de um comerciante, dono de um restaurante. “A ideia sempre foi abrirmos uma coisa de petiscos ou um espaço destes”, explica Alexandre.
Helena Viegas 2009-02-04