Em cima do Arco
Do cimo do Arco da rua Augusta a enorme praça apresenta-se cheia de vida. Atravessa-a apressadamente quem desembarcou com destino a Lisboa para trabalhar mas também turistas, estes bem mais calmos na passada e que usam e abusam da máquina fotográfica. Daqui vê-se tudo, pudera a panorâmica é de 360 graus. Rua Augusta, sé, castelo, e claro, a própria praça com o Tejo a seus pés, faz tudo parte do mesmo quadro. Até se vê o Cristo-Rei, a ponte e a vizinha Almada. Os cacilheiros não se mantém parados e atravessam o rio constantemente.
É um verdadeiro privilégio subir a este arco. A perspectiva é realmente diferente com as estátuas do Arco da Rua Augusta a roubarem-nos alguma vista... Só que o arco assim como toda a praça têm alguns segredos que sempre estiveram à nossa frente.
O segredo da Praça
Diz-se que Lisboa é sagrada assim como se diz de Roma. São consideradas sagradas todas as cidades erguidas em sete colinas, próximas a um rio que tem geralmente cinco letras. Em Lisboa, o Tagus, e em Roma, o Tibre. Para os mais crentes nos mitos da Antiguidade, este é um prenúncio da grandeza da cidade. A História diz-nos que sim, embora esses tempos tenham ficado pelo século XVII.
Em Setecentos, aquando da reconstrução da Praça, a realidade era outra. O terramoto já tinha abalado a cidade que pedia reconstrução. Do estrangeiro vieram “maçons” (do francês, "pedreiro") e outros obreiros encarregados da reedificação do terreiro que acabaram por trazer uma nova força à Maçonaria portuguesa. Foram eles, assim como os militares ou comerciantes de passagem pelo país, os responsáveis pela introdução da Maçonaria em Portugal.
Não deixa de ser bizarro pensar que a Maçonaria nasceu entre nós, numa altura em que operava a temível Inquisição. Nos primeiros tempos foi perseguida, tanto a loja católica, como a protestante, acabando ambas por encerrar portas. Nem outra coisa se poderia fazer, já que em 1738 o Papa Clemente XII condena esta associação, temendo pelo poder da Igreja. O secretismo, nesta altura, era caso de vida ou morte.
Porém, aquando da subida de Sebastião José de Carvalho e Melo (Marquês de Pombal) ao poder, a Maçonaria respirou de liberdade. Não se sabe se o fez por ser filiado ou apenas simpatizante, já que travou conhecimento com a associação durante o período em que viajou por Viena e Londres. Querendo mostrar-se moderno e europeu, nada fez contra a Maçonaria, conhecendo esta associação um grande desenvolvimento e poder nesta altura.
Paula Oliveira Silva 2002-11-12