Descubra a noite do Porto. Se gosta de sair de certeza que não ficará desiludido, antes pelo contrário. Um sem número de tasquinhas, bares e discotecas levam os espanhóis a comparar a movida da Invicta com a de Madrid, classificando-a como uma das melhores da Europa. Não se esqueça é de levar a carteira recheada. Os finos estão cada vez mais caros, e o fim-de-semana promete.
Como nesta história o que interessa é mesmo a noite, instale-se depressa e depois comece com um jantar na Ribeira, na margem norte do Douro. É uma das zonas mais típicas da cidade e um ex-líbiris da noite portuense. Aqui encontrará inúmeros restaurantes, na sua maioria casas antigas em pedra e com dois andares. Exemplo disso é o Porta Larga. O arroz de feijão, um dos melhores da cidade, é uma das especialidades que, juntamente com os bolinhos da bacalhau, já conquistaram muitos clientes. Com alguma sorte, ficará numa mesa junto à janela, o que permite uma descansada refeição com vista para o rio, iluminado de amarelo pelos candeeiros que correm a calçada.
Mas não julgue que na Ribeira é chegar ver e comer. Há que esperar, e a demora por vezes é tanta que a escolha do restaurante é feita consoante o número de pessoas que à porta se empurra desesperadamente tentando chegar à fala com um dos empregados. Nesse caso, o melhor é seguir até à próxima porta. Tipo jogo.
Depois de jantar vale a pena atravessar a pé a Ponte D. Luís em direcção à Ribeira de Gaia. Deste lado do Douro os bares são bem mais calmos e convidam a uma agradável conversa ao sabor de um vinho do Porto.
Pode ainda ouvir música ao vivo no Café Concerto Beira Douro, um bar onde as canções brasileiras é que mandam. O consumo mínimo é de 600 escudos, mas vale a pena.
O relógio avança, é altura de regressar ao Porto. Na Ribeira, à porta das tasquinhas e bares vêem-se todo o tipo de pessoas. Desde os estudantes equipados a rigor com uma capa preta, até aos mais extravagantes que passeiam o cabelo pintado de verde. A cerveja é a bebida oficial e a animação sobe de tom. Na praça central, guardada por uma esquadra móvel da Polícia de Segurança Pública do Porto, as mesas das esplanadas estão completamente cheias, o mesmo acontecendo na Rua S. João. Ainda assim, aventure-se e suba por esta pequena ruela até à Ribeirinha, um bar com dois pisos, insuficientes ao fim-de-semana para albergar tanta gente. No andar superior, os frequentadores demonstram os seus dotes para a música participando no concurso de Karaoke. O prémio não é nada mau. Cem contos. Na Ribeirinha o consumo mínimo é uma bebida, e por uma creveja paga-se 500 escudos. Está aberto todos os dias e fecha às duas da manhã.
Siga!
A Ribeira começa a ficar vazia. É a rumaria às discotecas, e a noite do Porto segue em direcção à Foz. Chegar ao destino traçado sem parar algumas vezes é que é um feito que poucos conseguem alcançar. E nem há assim tanta pressa.
No caminho encontra uma série de locais onde vale a pena entrar. Um deles é o Maré Alta, no Cais de Massarelos, um bar/discoteca flutuante, frequentado maioritariamente por pessoas a partir dos vinte e cinco anos. A cerveja, como não poderia deixar de ser, volta a estar presente, mas são cada vez mais os que preferem beber um whisky. No centro, os mais desinibidos começam a dançar, enquanto o ecrã gigante satisfaz os ferrenhos pelo FC Porto mostrando imagens do último jogo da equipa. Depois do apito final é altura de seguir caminho, mas por pouco tempo. Ainda em Massarelos, o Mexcal vai obrigá-lo a nova paragem. A decoração tenta transmitir a sensação de se estar numa vila mexicana. Com sucesso. O ambiente é descontraído e a música varia habitualmente entre a rumba e a salsa.
Depois de algum esforço e de umas bebidas a mais, chega finalmente à Foz, deixando o rio para trás. Já de frente para o mar encontra o Trinta e Um, instalado num prédio antigo transformado em bar/discoteca. Com um ambiente e música um pouco diferentes, assumiu-se nos últimos tempos como um dos locais nocturnos da moda. À terça-feira tem a particularidade de contar com a estilista Maria Gambina a mostrar os seus dotes de DJ. Depois de tantas voltas, o dia está quase a nascer e a noite a chegar ao fim. É hora de regressar ao hotel. Mas primeiro há que passar pelo Indústria, na Avenida Do Brasil, em tempos a discoteca mais famosa da cidade e que hoje continua a merecer uma visita. Apesar de já não fechar às sete manhã, é provável que a encontre aberta. Depois de tentar, aí sim, poderá dormir descansado e com a consciência tranquila.
O dia seguinte
No sábado e com o sono já reposto, aproveite o fim de tarde, que a manhã deve ter sido dura, para tomar um copo junto à praia. Volte à Foz, ainda se deve lembrar do caminho, e escolha uma das esplanadas para ficar algum tempo a ver o mar e a conversar. A ressaca, pronto.
O jantar está marcado para Matosinhos, onde predominam os restaurantes especializados em peixe grelhado, não fosse esta uma zona piscatória. Se é apreciador, não dispense as sardinhas com batatas a murro e uma sangria a acompanhar.
Em Matosinhos não faltam também os bares e discotecas, algumas delas as mais frequentadas da noite do Porto, e caracterizadas pelos amplos espaços. Se aprecia o tipo, fique por aí a noite inteira. Se não, siga.
Depois de no dia anterior ter viajado até ao México, aproveite o sábado e o facto de estar em Matosinhos para fazer uma vigem à paradisíaca Movida Beach, aberta a partir das 23 horas e um dos locais nocturnos mais divertidos de toda a noite da região, onde irá com certeza perder algumas horas. O exterior do edifício de dois andares, pintado de verde estridente, anuncia o que irá encontrar-se lá dentro. Pelos cantos, entre motas de água, palmeiras e pranchas de surf, várias placas de madeira indicam o caminho para os bares, sempre com nomes sugestivos como Hawai e sítios assim. Tudo faz lembrar a praia e o verão. A servir, homens e mulheres, vestidos a rigor com calções de banho e biquinis. A meio da noite e quando a música a isso obriga, saltam para os balcões a dançar cheios de entusiasmo. E nem a sede dos clientes os faz parar.
Os preços são os mais caros e, mesmo assim, à porta concentra-se uma pequena multidão desejosa de entrar. Por volta das duas da manhã siga para o Estado Novo. É uma discoteca. Com dois andares e música mais comercial, tem uma enorme pista de dança que ocupa a quase totalidade do primeiro piso. Em cima estão os bares e algumas mesas onde pode encontrar um pouco mais de sossego e, se calhar, dar de caras com algumas figuras do jet-set do Porto. Por falar em famosos, o Via Rápida é outro ponto de encontro de alguns VIP’s. OU ICC, como dizem alguns portuenses. Importantes Como o Carago. Lá dentro, e sem pista, as pessoas vão-se juntando, para verem e serem vistas, pelos vários bares que ocupam o reconstruído armazém.
Se este não for definitivamente o seu estilo de noite, opte por sítios como o Sound Planet. O tipo de pessoas que aí encontra é bastante diferente e a música, mais conhecida por “martelos”, prende os amantes do estilo até altas horas da madrugada. Uma das grandes atracções do Sound Planet é cabina do DJ que em dias de menor enchente anda à volta da pista num movimento circular. Ao lado, o Metro, ideal para quem quer continuar num estilo de noite diferente.
No regresso ao Porto as roulottes à saída de Matosinhos enchem-se de pessoas desesperadas por um hamburger. É aqui que geralmente acabam as noites. No dia seguinte, e apesar do sono, não se esqueça de ir provar uma Francesinha, nem que seja na primeira tasca que encontrar. Vai ver que se sentirá muito mais preparado para fazer a viagem de regresso. Sim, sim, é do melhor que há para a ressaca.
Nuno Maia 2001-05-23