Ponta Delgada, o paraíso cosmopolita

O tempo corre devagar, mas tem pressa de futuro

Nem 500 anos de vida roubaram a pureza e a pacatez a esta cidade abraçada ao Atlântico. Mas o mesmo oceano que a isolou de tudo e de todos transformou-se num mar de oportunidades e fez dela a mais cosmopolita urbe do arquipélago. Porta privilegiada para o paraíso açoriano, a capital de São Miguel é também o melhor de dois mundos.

O que começou por ser um pequeno núcleo de pescadores num declive suave e alongado da ilha, ou seja, numa ponta delgada, foi-se debruçando aos poucos sobre o Atlântico e nunca mais parou de crescer.

Para isso foi preciso roubar terra ao mar e construir uma longa marginal que definiu o novo perfil da povoação, em claro contraste com as ruas estreitas do centro histórico.

A transição entre estas duas faces de Ponta Delgada ganha especial simbolismo junto às Portas da Cidade, também elas obrigadas a recuar terra adentro depois de rasgada a avenida. É aqui, onde antes terminavam longas travessias marítimas que começa agora o nosso passeio pela capital micaelense.

Os três monumentais arcos que compõem este ex-líbris local ficam nos terrenos de um antigo cais que durante séculos serviu de ligação ao exterior, trazendo viajantes de todo o mundo mas levando também muitos açorianos em busca de melhor sorte.

Hoje, encimam uma elegante praça de alvas fachadas debruadas a negro com o nome de Gonçalo Velho Cabral, o provável povoador das ilhas orientais, imortalizado na estátua que domina o largo.

A poucos metros fica a secular igreja matriz de São Sebastião, templo quinhentista com um rico portal manuelino e interiores barrocos, construído pelo povo depois de terminada uma longa epidemia de peste. Já na outra retaguarda abre-se a Praça do Município, enobrecida pelo elegante edifício da câmara municipal e por uma expressiva imagem do arcanjo São Miguel.

Nelson Jerónimo Rodrigues 2011-08-24

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