Pizzaria do Bairro – Lisboa

Pizzas made in Portugal para comer e andar

Não é um restaurante com mesas e cadeiras, não é um take away, também não é o super-homem, é um conceito novo de pizza à fatia só com ingredientes nacionais. Para comer no caminho.

Em Itália, a “pizza al taglio”, ou à fatia, não é invulgar mas por cá ainda é raro, um cenário que a Pizzaria do Bairro quer mudar. Será que pega? Com um conceito de pizza para comer no caminho a localização torna-se ainda mais importante. Neste campo, a Pizzaria do Bairro marca pontos. Fica junto ao terminal do Cais do Sodré, bem em frente ao rio, o sítio ideal para “apanhar”os passageiros do comboio, do autocarro e do barco.

Abre às seis da manhã e tem opções de comida matinais como a focaccia, uma massa de pão achatada geralmente temperada com sal grosso, azeite e alecrim, mas que aqui foi reinventada e é proposta com marmelada, Nutella, fiambre, queijo ou presunto. No resto do dia, além das focaccias, há 16 pizas para comer à fatia na hora, a 2€ e 3€ cada, e pizzas inteiras, para levar, com preços entre os 8€ e os 12€.

A reinterpretação é, de resto, o mote no que toca à ementa. A oferta principal é de pizzas, mas com um detalhe essencial: levam um ”twist” à portuguesa. A começar pelos ingredientes que são todos nacionais, exceção feita apenas e só à massa porque o pizzaiolo de serviço, o albanês Giulian Fetahu, ainda não conseguiu encontrar o produto ideal. Tudo o resto é made in Portugal.

Para quem duvida uma olhadela à ementa basta: há pizza de bacalhau (com cebola, azeitonas, requeijão, tomate, alho e salsa); pizza de grelos (com batata no forno, chouriço, requeijão, alho, queijo flamengo e azeite) e pizza de queijos regionais só para dar uma ideia.

O segredo está na massa

Arranjar substitutos para alguns ingredientes mais tradicionais foi um desafio extra para Esmeralda Fetahu, gerente do espaço e irmã de Giulian Fetahu. “Andei semanas a pensar no que poderia substituir a rúcula até que tive uma epifania, o agrião, claro!”. E resulta. Outro ex-líbris incontornável é a pizza Margherita, aqui substituída pela pizza Maria com linguiça, orégãos, requeijão, queijo flamengo, mozarela, molho de tomate e azeite.

Além dos enchidos e queijos curados nacionais, com destaque para o Alentejo, o requeijão é outro ingrediente omnipresente. E há verdadeiras surpresas, como o uso da abóbora (na pizza Portugal com chouriço, pimentos, abóbora, requeijão, queijo flamengo, mozarela e azeite) que ninguém pensaria ver neste preparado mas que dá um toque fora do habitual.

Outro detalhe importante: a qualidade das massas. Giulian foi pizzaiolo em Itália e Esmeralda interessa-se por nutrição. Os dois pesquisaram a fundo fórmulas e combinações para oferecer massas de fácil digestão. As pizzas à fatia são feitas com uma massa ligeiramente mais grossa, para permitir um manuseio prático na rua. As que se encomendam inteiras são de massa fina e estaladiça.

Pizzas, amor e família

Com localização no Cais do Sodré, os clientes noturnos não podiam ser negligenciados. A pizzaria do Bairro está aberta até às duas da manhã, uma boa alternativa para os habitués do caldo verde e pão com chouriço. Para breve prevê-se a abertura de um espaço cultural mesmo na porta ao lado. Vai ter mesas de pé, servir pizzas e vinho e eventualmente música ao vivo. Tudo com vista para o Tejo.

O cliché da família italiana numerosa e ruidosa é só isso mesmo, um cliché, mas não deixa de alimentar um imaginário. Para Esmeralda Fetahu ter a família reunida faz parte de um projeto de vida. Emigrou da Albânia para Itália com o fim do regime comunista e ali trabalhou durante anos na restauração. Quando casou com um arquiteto português adotou o país e trouxe a gastronomia. Giulian veio fazer as pizzas e há outro irmão acabado de chegar para ajudar no restaurante. Una vera famiglia!

Bárbara Bettencourt

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