Uma imensa colecção de paisagens em terras de planalto, por vezes abruptamente cortado pelos inúmeros rios que as atravessam. Carvalhais, soutos, matorrais, searas, lameiros, se combinam numa paleta onde se elevam as serras da Corôa e de Montesinho. Morada de aldeias de antigas tradições comunitárias, como a já mítica Rio de Onor. Lobos, águias-reais, corços e veados reunidos num dos territórios mais ricos em vida selvagem do País. Histórias felizes de harmonia entre o homem e a natureza.
Uma região de montanha de colinas suaves, mas que atinge nos 1486 metros da serra de Montesinho uma das altitudes mais elevadas de Portugal Continental, depois das serras da Estrela, Gerês e Larouco. No entanto, o relevo também se faz sentir, principalmente nos vales dos diversos rios que cruzam o Parque de norte para sul, alguns dos quais pronunciadamente encaixados, onde se formaram escarpas assinaláveis, como nos troços superiores do Sabor e do Maçãs.
Os 75 mil hectares fazem desta área protegida a segunda maior do país. É um Parque Natural com uma identidade paisagística muito própria, ou melhor, uma combinação particular de diversas identidades. Espelho disso é a sua divisão em diversas zonas, consoante os resultados da expressão do homem na natureza: Lomba, Pinheiros, Corôa, Vinhais, Baceiro, Montesinho, Onor, Alta Lombada e Baixa Lombada, umas mais peculiares que outras.
No seu todo, estão integradas na chamada Terra Fria transmontana, que na zona de montanha, a partir dos mil metros de altitude e abrangida pelas serras de Montesinho (1486 m), Corôa (1272 m), Seculqueira (1146 m), Guadramil (1026m), dá lugar à queda de neve entre Dezembro e Março, vestindo de branco os planaltos. É onde a temperatura média anual se fica pelos 10 graus celsius. Em ambas as zonas, um denominador comum: a integração harmoniosa das aldeias na paisagem.
Os bosques do Baceiro
Uma das paisagens mais ilustres do Parque é a que se pode facilmente constatar na zona do Baceiro: extensos carvalhais (Quercus sp.) a cobrirem montes e encostas, para depois se abrirem aos prados sempre verdes que acompanham os rios e ribeiras. E para aumentar a frondosidade destes bosques, acrescente-se os soutos onde moram imponentes castanheiros (Castanea sativa) e as galerias ripícolas que percorrem as margens de rios e ribeiras — como gigantescas serpentes de árvores — onde crescem amieiros (Alnus glutinosa), freixos (Fraxinus angustifolia), choupos-negros (Populus nigra) e ulmeiros (Ulmus minor). Mas vamos por partes.
David Travassos 2006-08-30